No mandado de busca e apreensão do último dia 17 de julho na residência do empresário Marcelo Cestari, 46, consta como um dos fatores para o pedido, foi o fato de o promotor de justiça ter informado que o empresário ligou para várias outras pessoas antes de finalmente acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para socorrer Isabele Guimarães Ramos, 14, que foi baleada na cabeça e acabou morrendo no local.
O Ministério Público Estadual (MPE) destacou que no dia do crime após o trabalho da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e devido a dinâmica confusa apresentada, seria necessário novas buscas e apreensões na casa de Marcelo para o esclarecimento do contexto e classificação das condutas da adolescente B.O.C., 14, autora do disparo e de seu namorado G.A.S.C.C., 16 anos, que teria levado a arma para o local do crime.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
Foi pedido a apreensão de aparelhos celulares dos adolescentes e seus responsáveis para que seja realizada a classificação adequada do crime, podendo ser culposa ou dolosa. O MPE destacou ainda a necessidade de perícia complementar na casa do empresário.
"Com vistas nos autos, o promotor destacou que o genitor da investigada B. teria efetuado ligações para várias pessoas, as chamando para o local, havendo possibilidade de terem chegado antes do Samu, perícia técnica, e Polícia Civil e apontou a importância da verificação destas ligações e de eventuais mensagens", destaca parte do pedido de busca e apreensão.
A mãe de Isabele após prestar depoimento na tarde de terça-feira na DEA, falou que em nenhum momento recebeu ligação da família Cestari informando a morte de sua filha, e que foi avisada por terceiros em sua residência.
O pedido de busca e apreensão foi deferido pela juíza Cristiane Padim da Silva, da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude da Comarca de Cuiabá.
Atuação vaga da DHPP
Ainda consta no pedido do MPE, que os trabalhos realizados pela Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) e também da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) juntamente com o promotor da vara especializada estão na linha correta de raciocínio entendendo a necessidade de outros elementos técnicos para a elucidação do homicídio que aconteceu na residência de Marcelo Cestari.
"Digo isso porque da leitura dos depoimentos até agora constantes no procedimento, extraio várias respostas do tipo "não lembro", o que pode ser complementado pelas provas técnicas que poderão permitir uma classificação mais adequadas das infrações. Ademais, no despacho de encaminhamento dos autos às delegacias de circunscrição e especializada, a autoridade policial que que primeiro teve conhecimento dos ilícitos registrou: "Não restou clara a dinâmica dos fatos", detalha o pedido.
O Ministério Público em um parecer sobre o pedido de majoração de fiança contra o empresário também na terça-feira, criticou a postura do delegado Olímpio da Cunha Fernandes Júnior, da DHPP, dizendo que a autoridade policial foi complacente em não ter indiciado o empresário por homicídio culposo.
"Como proprietário/responsável pelo armamento, ou entregou, ou permitiu, ou não foi diligente o suficiente para impedir que sua filha de apenas 14 anos a manuseasse, dentro de sua casa e na presença de outra adolescente, agindo, no mínimo, a uma primeira vista, culposamente para com o evento morte", diz parte do parecer do Ministério Público.
Três dias após o crime, a DEA e Deddica passaram a investigar o crime pelo fato do crime envolver uma menor de idade, a assessoria da Polícia Civil confirmou que parte do caso vai pra DEA por se tratar de ato infracional (em relação à adolescente envolvida).
Buscas efetuadas
Com os pedidos de buscas e apreensões em mãos, os policiais foram até a residência de Marcelo e também no edíficio Royal President, no apartamento onde mora o agropecuarista Glauco Fernando Mesquita Correa da Costa, dono da arma que matou Isabele.
No apartamento de Glauco, os policiais encontraram 18 armas de fogo, todas registradas. Já na casa de Marcelo onde o crime aconteceu, quando os policiais chegaram na residêncianão havia ninguém na casa. Segundo a polícia, a família estava em uma residência no Manso, aguardando a conclusão das investigações. Foi necessário o advogado da família ir ao condomínio para abrir o imóvel.
Na casa do empresário, os policiais recolheram imagens do circuito interno de segurança do condomínio e apreendeu aparelhos celulares. A equipe da Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) foi solicitada para as buscas e analisar a possibilidade de realizar o exame de perícia técnica complementar com uso de agente químico luminol para averiguar se há vestígio de sangue em outros pontos da casa.