Patrícia Hellen Guimarães Ramos, prestou depoimento na manhã desta terça-feira (21), na Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) em Cuiabá, para detalhar o que presenciou no dia que sua filha Isabele Guimarães Ramos 14, levou um tiro na cabeça enquanto estava em uma residência no condomínio Alphaville I.
O depoimento de Patrícia durou pouco mais de três horas e a mãe da vítima entrou e saiu visivelmente emocionada da delegacia, ao relembrar a morte da filha. Após prestar depoimento ao delegado Wagner Bassi, Patrícia falou com a imprensa e revelou que no momento não tem condições psicológicas de perdoar a autora do disparo que matou a sua filha.
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Patrícia explicou que aguarda uma resposta da polícia, sobre o que de fato aconteceu no dia do crime e que prestou todo esclarecimento sobre o que sabia para ajudar nas investigações presididas por Bassi.
As adolescentes. eram amigas e costumavam frequentar a casa uma da outra, mas após o homicídio, até o momento a família da investigada não a procurou para explicar o que aconteceu, ou mesmo para pedir desculpas sobre o ocorrido.
"Não teve nenhum contato, explicação, um pedido de desculpas, o porquê disso tudo, eu só estou aguardando agora a investigação da polícia mesmo", explicou.
A mãe de Isabele ainda revela que uma reconstituição do dia do crime, seria de suma importância para as investigações e para ela saber de fato o que aconteceu naquela noite que a filha levou um tiro na narina e transfixou a nuca.
Patrícia também disse, que diferente do que foi divulgado, a família não ligou para informar o acontecido e apenas bateu na porta relatando sobre um acidente com a garota que era conhecida pelo apelido de "Bel".
Questionada sobre um possível perdão à adolescente, que alega que o disparo foi acidental após o case com a arma carregada cair no chão, Patrícia que já havia revelado em outra ocasião que não acredita nesse fato, diz que no momento não tem condições psicólogicas de perdoar a garota que matou a sua filha.
"Nesse momento eu nem consigo e não tenho nem condições psicológicas para responder essa pergunta... Se foi um acidente eu não sei, mas a polícia vai investigar e eu estou certa de que Deus vai revelar toda a verdade", disse Patrícia.
A mãe de Bel ainda lembrou da última conversa que teve com a filha. Patrícia contou que ligou para Isabele às 20h43 e pediu para ela voltar para casa. A garota respondeu que estava jantando e assim que terminasse iria embora.
Patrícia reforçou o que havia dito no último domingo (19) em entrevista ao programa Fantástico da Rede Globo, que sabia que a família era praticante de tiro, mas não sabia que eles possuíam um arsenal na residência, e tão pouco, armas circulavam carregadas deliberadamente no imóvel.
Para finalizar, Patrícia Hellen explanou que está vivendo um dia de cada vez e passando por um sofrimento inexplicável e inabalável.
"Eu estou com o coração dilacerado, e se eu pudesse me esconder neste momento e ficar sozinha, mas não posso. Estou aqui para contribuir com o trabalho da polícia para dizer o que eu vi, relatar todas as coisas que aconteceram no meu ponto de vista, sobre o meu ângulo, então o que espero é que a justiça seja feita", pontuou muito emocionada.
Na segunda-feira (20), o agropecuarista e seu filho de 16 anos, namorado da adolescente investigada, foram ouvidos por mais de cinco horas.
A oitiva do garoto durou mais de duas horas e após ser ouvido, foi a vez do pai. No apartamento da família, a Polícia Civil encontrou 18 armas registradas em seu nome. O agropecuarista foi dar satisfação ao delegado sobre o envolvimento da família com as armas e também sobre o crime previsto no artigo 14 do código penal, praticado pelo filho.
Após mais de cinco horas de depoimento, pai e filho saíram pelos fundos da delegacia sem querer falar com a imprensa, já a defesa patrocinada pelo advogado Walber Melo, que foi representado por outro jurista explicou que todo o objeto da investigação ainda é sigiloso e que a defesa irá se manifestar em um momento oportuno.
Pai e filho deverão ser ouvidos nesta quarta-feira (21), pelo delegado Francisco Kunze na Deddica sobre o fato. Quem também deve prestar depoimento nos próximos dias, tanto na DEA quanto na Deddica, é o empresário Marcelo Cestaria e sua filha.
Ainda nesta terça-feira, a Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) deverá encaminhar um laudo para a DEA e também para a Delegacia Espec de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) que também investiga o caso, sobre a distância do disparo, da posição que partiu o tiro e toda a dinâmica do crime.
O advogado de Patrícia, Helio Nishiyama disse que por se tratar de duas adolescentes envolvidas, não pode adiantar como estão as investigações, mas assim como Patrícia disse que a reconstituição do crime seria importante.
O caso:
No dia 12 de julho Isabele estava na casa da amiga da mesma idade, quando em determinado momento, se ouviu um barulho de disparo de arma de fogo. Desesperada a filha do empresário começou a gritar por socorro.
O empresário subiu até o quarto da filha e encontrou Isabele baleada na cabeça, caída no banheiro. O homem ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e tentou reanimar Isabele, mas sem sucesso.
Após o homicídio, houve pequenas alterações no local do crime de acordo com um perito, porém não afetam substancialmente a cena do crime.
Isabele foi sepultada na tarde de terça-feira, enquanto a família Cestari prestava depoimento na DHPP.
Diversas pessoas acenavam com lenços brancos, enquanto o comboio com o corpo da adolescente passava pelas ruas de Cuiabá.
*Nomes dos envolvidos preservados em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)