O irmão da adolescente Isabele Guimarães Ramos, 14, que morreu na noite de domingo (12) após levar um tiro na cabeça em uma residência localizada no condomínio de luxo Alphaville I em Cuiabá, usou as redes sociais para desabafar e lamentar a morte da irmã, dois anos após perder o pai, o neurocirurgião Jony Soares Ramos em um acidente.
O garoto escreveu que lamenta a morte da irmã e queria somente dar um abraço e um beijo na adolescente e que é triste saber que a vida não deu uma chance para Isabele viver.
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"Agora eu sei o sentido da vida. O sentido da vida é fazer você sofrer... Ela era uma irmã muito chata quando queria, mas um amor sempre. Era linda e além de tudo era minha irmã", escreveu o garoto em uma rede social.
Outro parente de Isabele lamentou o fato da família estar enterrando uma criança, pelo o motivo de terem deixado uma arma de fogo na mão de outra criança.
A morte da adolescente vem sendo cercada de questionamentos e o delegado Olímpio da Cunha Fernandes, responsável pela investigação disse que vai realizar as oitivas e aguardar todos os laudos periciais para esclarecer a dinâmica do crime.
A adolescente morta foi atingida por um único disparo, sendo que o orifício de entrada foi na narina e a saída na cabeça. A arma do crime, cápsula e projétil foram apreendidos e passarão por perícia.
Empresário preso
O empresário e pai da adolescente de 14 anos que realizou o disparo, no dia do crime foi encaminhado à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestou esclarecimentos e acabou sendo autuado pelo crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido que é afiançável. Depois de pagar a fiança, foi liberado.
Conforme apuração da Polícia Civil, o empresário tentou reanimar Isabele assim que ouviu os gritos de socorro da filha, porém não obteve sucesso em salvar a vida da adolescente. De acordo com a filha o disparo foi acidental.
Das sete armas encontradas na residência, duas delas não estavam com o registro no local. Ainda segundo as investigações, a arma utilizada no crime, uma pistola calibre 380, estava em nome de uma terceira pessoa que também deverá ser ouvida pelo delegado.
As partes envolvidas serão ouvidas pela DHPP e somente após as oitivas será encaminhado o procedimento relativo à adolescente, para a Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) de Cuiabá.
Olímpio revelou que irá se pronunciar somente após ter todas as informações necessárias para elucidação do crime. A equipe da Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) irá realizar os trabalhos necessários que irão elucidar o trabalho da Polícia Civil, e descobrir se foi um tiro acidental, disparo acidental, ou até mesmo a hipótese de crime proposital.
A adolescente que atirou, era praticante de tiro esportivo junto com o pai e participou de alguns torneios. Pela experiência com arma de fogo, a garota sabia que uma das regras elementares de segurança com armas de fogo é o dedo fora do gatilho.
Em uma definição de Cleidson Vasconcelos, oficial superior das forças armadas, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), o disparo acidental diz respeito ao acionamento do gatilho, por parte do atirador, sem o propósito para isso e deve ser evitado a qualquer custo, tanto em treinamentos como em situações reais, já o tiro acidental confundido com o disparo acidental, ocorre sem o acionamento regular do mecanismo de disparo, em raríssimas exceções e por alguma anormalidade dos mecanismos da arma.
Morte gerou discussão no Twitter
Um dos assuntos mais comentados na rede social na segunda-feira (13), foi a morte da adolescente que gerou um debate na rede social Twitter sobre o acesso da população a armas de fogo.
Um dos comentários na rede social, um usuário escreveu, "Não existe tiro acidental. Existem humanos despreparados incapacitados, imprudência, imperícia, irresponsabilidade tanto de quem pegou a arma (uma menina de 14 anos) como quem descuidou da arma", relatou.
Já um homem que se diz ser policial militar, detalhou que essa morte não pode ser usada como parâmetro de discussão, "Nesse caso tivemos um homicídio culposo, e não um crime doloso. Essa tragédia não pode ser utilizada como parâmetro para uma discussão sobre armas. Outro dado importante, dos crimes envolvendo armas de fogo no Brasil, 95% sã cometidos com armas ilegais", argumentou.
Em uma matéria publicada pela Folha de São Paulo no dia 08 de fevereiro de 2019, revelou baseado em dados do Ministério da Saúde, que a cada três dias, em média, uma criança entra em um hospital no Brasil em decorrência de um acidente doméstico com arma de fogo.
*Nomes dos envolvidos preservados em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)