O pedido de desculpas do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), após mais um vídeo fazendo comparações entre mulheres e vacas, foi rechaçado tanto pela presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-MT, Glaucia Amaral, quanto pela defensora pública-geral de Mato Grosso, Maria Liziane Ribeiro. As duas estiveram na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, 31 de maio, protocolando um pedido de afastamento contra o parlamentar.
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No vídeo de desculpas, Cattani afirma que toda a polêmica vem sendo provocada por uma manipulação da mídia e de pessoas mal-intencionadas.
"Quero pedir desculpas às mulheres que, iludidas pela mídia, tenham se ofendido pelos últimos acontecimentos. Ao usar uma analogia do que seria uma gestação de uma vaca na minha propriedade, em que dentro do útero já está um bezerro, também há um bebê dentro do útero de uma mulher que precisa ser defendido, fiz uma provocação. Mas, pessoas mal-intencionadas mudaram essa analogia que fiz", disse.
Segundo ele, os 'movimentos abortistas' se uniram às feministas e à mídia, enraivecidos contra ele, para criar uma narrativa.
"Pegaram vídeos de brincadeiras, vídeos que eu não postei em nenhuma rede social minha, para usar contra mim, tornando isso um cavalo de batalha. Se, por ventura, devido a essas manifestações, você, uma mulher honesta, decente, esposa e mãe, se sentir ofendida, quero pedir desculpas", disse (veja o vídeo no final da matéria).
Porém, o pedido de desculpas não foi bem visto. Para a defensora pública Maria Liziane, já houve um estrago e nada pode ser feito para repará-lo.
"Houve uma primeira fala. O vídeo é ofensivo com as mulheres ao comparar a animais. Ele pedindo desculpa aos animais. Eu acho que o pedido posterior de desculpas não apaga o dano que já houve. Por isso, cobramos que seja feita uma análise pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso".
"MULHER HONESTA"
De acordo com Glaucia Amaral, presidente da Comissão das Mulheres da OAB-MT, o deputado errou mais uma vez ao pedir desculpas, agora por usar o termo "mulher honesta", retirado do Código Penal em 2009.
"Mais uma vez houve uma estigmatização e nós exigimos uma única coisa: sermos tratadas com respeito como cidadãs. No momento em que pagamos tributos, ninguém pergunta se somos mulheres honestas ou não. Somos tratadas como cidadãs, iguais aos homens. E assim deve ser, já que ninguém pergunta se um homem é honesto quando vai cobrar os tributos dele. Temos que evoluir para uma sociedade igual, onde ninguém se sinta superior a ninguém", defendeu Glaucia.
O termo "Mulher Honesta" fez parte do Código Penal de 1940 ao tratar dos crimes contra a dignidade sexual. O elemento era previsto em três tipos penais, a saber: o de posse sexual mediante fraude (art. 215 do CP), de atentado ao pudor mediante fraude (art. 216 do CP) e de rapto violento ou mediante fraude (art. 219 do CP).
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