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Opinião Sábado, 13 de Julho de 2024, 08:10 - A | A

Sábado, 13 de Julho de 2024, 08h:10 - A | A

ANDREA LADISLAU

Caso Iza traz à tona o impacto de uma traição na saúde mental

Andrea Ladislau*

As mídias essa semana ferveram com a notícia de traição sofrida pela cantora Iza. Uma triste realidade que afeta, e muito, o emocional da vítima.

O que leva as pessoas a traírem? Qual a motivação psicológica está envolvida nessa dinâmica? E a vítima traída, qual a atitude deve tomar após descobrir a deslealdade? São muitas as respostas e algumas muito subjetivas. Porém, a traição é muito mais do que incluir um terceiro no relacionamento.

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É a ideia de que a pessoa que você escolhe para amar, talvez não te ame mais. É o peso do sentimento de rejeição. É um desmoronamento de tudo que se sonhou e se construiu juntos.

A grande questão é que, a traição envolve dor, inseguranças, medos, virilidade e, por isso, precisamos sempre analisar cada história de uma forma mais profunda e com uma análise psicológica de cada caso, sem julgamentos.

O único responsável pela traição foi quem escolheu trair. Afinal, somos responsáveis por nossas escolhas sempre. A análise passa por um aspecto ainda maior: a traição pode ser caracterizada por imaturidade? Ou seria falta de caráter do traidor? Do ponto de vista psicológico, atitudes recorrentes de traição podem denunciar traumas, faltas enraizadas ou mesmo crenças limitadoras.

Pode ser, inclusive, o reflexo de uma busca constante por preencher uma falta, uma dor ou um amor não correspondido, frente aquilo que se desejava. Em muitas situações, também pode estar relacionada a condições vistas e aprendidas na infância, que se internalizaram, como: um pai traidor e desrespeitoso ou uma relação problemática com a mãe.

Ou seja, cada caso é um caso, não se pode generalizar ou apontar dedos. Visto que, os padrões comportamentais têm raízes profundas, o que tornam os relacionamentos cada vez mais complexos.

Porém, nada diminui ou justifica a dor do traído. A traição gera impactos negativos para a saúde mental, acarretando sintomas semelhantes ao transtorno de estresse pós-traumático. A infidelidade ativa inseguranças, carências, baixa autoestima recalcadas na vítima, bem como a quebra da confiança. Impactos e consequências negativas que afetam, significativamente, o emocional do par, a ponto de desencadear ou agravar quadros de ansiedade intensiva e hipervigilância.

A sensação de vulnerabilidade ruminativa, potencializa a ideia da perda de controle e pode gerar insônias, baixa concentração, raiva, isolamento e desejo de vingança. Claro que, cada pessoa vai reagir a uma traição de forma individualizada, conforme seus conceitos e vivências pessoais.

Os eventos de deslealdade mostram que superar uma traição é um processo longo e desafiador. Por isso, o diálogo e a sinceridade são sempre bons aliados em uma relação amorosa, dentro de uma métrica de confiança, onde ambos experimentam a sensação de ter uma base sólida, o que aumenta a probabilidade do relacionamento permanecer feliz a longo prazo, sem a necessidade de enfrentamento por feridas do apego.

Enfim, os motivos para a traição podem ser vários: insatisfação pessoal; necessidade de viver aventuras; enraizamentos de infância; entre outros. Não importa, a questão é que expõe, machuca, dói e quebra a confiança.

É uma forma de decepção, de rompimento ou violação da presunção do contrato social que produz conflitos morais e psicológicos entre os relacionamentos individuais, gerando desequilíbrio e desconforto para os envolvidos e exposição de fraquezas psíquicas, não só do traído, mas também do infiel.

*Andréa Ladislau é Psicanalista

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