O atentado promovido pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) a policiais federais neste domingo, 23 de outubro, escancarou a que nível chegou o desrespeito às instituições no país. O atentado promovido pelo ex-deputado ainda reverbera e deve continuar em pauta pelos próximos dias.
Nesta segunda-feira, 24 de outubro, a presidente eleita do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Clarice Claudino, comentou os eventos que antecederam o atentado, quando Roberto Jefferson atacou a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, com vários xingamentos, em vídeo publicado na última sexta-feira (21).
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Clarice destacou que a postura do ex-deputado é um exemplo a não ser seguido.
“É um episódio lamentável ao qual realmente nós temos que manifestar repúdio, porque não é possível se tolerar, seja com que ser humano for, imagine com alguém que representa a Corte Máxima do nosso país. Então, realmente foi uma infelicidade total aquela postura de alguém que tem formação, que tem informação, mas que, num momento de reputo desvairado muito grande, acaba se transformando num exemplo a não ser seguido. Isso é extremismo, isso é rebeldia, não é democracia”, avaliou.
Neste domingo, o ex-deputado atacou policiais federais com tiros e granadas neste domingo, quando os agentes cumpriam mandado de prisão contra ele. O político acompanhou a chegada dos agentes pelas câmeras de monitoramento e gravou vídeos afirmando que não se entregaria.
Sua prisão foi expedida pelo Supremo Tribunal Federal, por meio de decisão do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado destacou que o político estava descumprindo as cautelares impostas quando sua prisão foi convertida em domiciliar.
Após o atentado contra os policiais, o ex-deputado acabou preso. Ao comentar a prisão de seu então leal seguidor, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou o ex-deputado como “criminoso” e defendeu que ele deveria receber o mesmo tratamento dispensado a bandidos.
O questionamento às decisões judiciais tem ganhado força nos últimos anos em um tom criticado por juristas de todo o país. Sobre esse assunto, a desembargadora Clarice lembrou que a crítica é sempre saudável e faz parte da democracia, mas deve ser feita com embasamento.
A presidente eleita também foi questionada sobre o ativismo judicial, tão criticado pelos opositores nos últimos meses. Ela concorda que exista tal ativismo, mas pondera que ele surgiu da necessidade.
“O ativismo judicial surgiu da necessidade e até mesmo de uma maior intimidade dos magistrados com os meios de comunicação. Houve época em que nós não tínhamos essa coragem, essa destreza, essa coragem de então falar daquilo que nós estamos pensando e sentindo. Hoje nós já temos aqui um pouco mais dessa liberdade, que é o que se chama de ativismo judicial. Eu volto a dizer: todos os extremismos são danosos, são prejudiciais”, avaliou.
Clarice Claudino é a terceira mulher a ser eleita presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Ela irá administrar o Poder Judiciário estadual no biênio 2023-2024.