Thiago Graciote Moraes, 29 anos, foi executado a tiros na madrugada deste sábado, 5 de agosto, em Cotriguaçu (943 km de Cuiabá). O jovem foi atingido por dois disparos efetuados por um soldado da Polícia Militar, que averiguava uma denúncia de som alto. A versão oficial da PM é de que a vítima avançou contra um dos policiais e levou a mão à cintura. Um vídeo registrado por uma testemunha contradiz essa versão.
Toda a ação é muito rápida. O vídeo mostra uma viatura da Polícia Militar chegando a uma rua onde um grupo de homens estão reunidos na calçada. Os agentes fazem a abordagem, mas dois deles – Thiago e outro homem identificado como Samuel Santos Pimenta – se recusaram a seguir as ordens.
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Aos gritos de “eu não sou bandido”, os dois homens andam em direção oposta à abordagem, sendo seguidos por um policial. O militar parte para cima de Samuel e os dois trocam chutes. Thiago então corre e, com sua chegada, os dois homens se separam.
O policial se afasta e Graciote se coloca à frente do amigo. O homem leva a mão à cintura, aparentemente para levantar as calças, enquanto desafia o PM a atirar. Ao mesmo tempo que Thiago leva a mão à cintura, o policial saca a arma e efetua os dois tiros.
O boletim de ocorrência menciona que os policiais foram acionados pelo promotor de Justiça do município, Cristiano Felipini, sobre o caso de som alto na lanchonete Catarinense, situada na Avenida Henrique Xavier Rodovalho. Lá chegando, o evento já tinha acabado, mas os policiais teriam sido informados de que um grupo de homens estava brigando ali próximo e que um deles estaria armado.
Ainda segundo o documento, os policiais abordaram os suspeitos e ordenaram que levassem as mãos à cabeça para revista pessoal. O boletim menciona que os dois homens – Thiago e Samuel – se recusaram a seguir as ordens e saíram do local dizendo que não eram bandidos.
A versão oficial, porém, afirma que o policial tentou mais uma vez fazer a abordagem e deu ordem de prisão por desobediência e resistência. O boletim continua narrando que Thiago partiu para cima do soldado e, quando este se esquivou, levou a mão à cintura. O documento não cita o confronto físico entre o soldado e Samuel. O vídeo também não mostra o ataque de Thiago ao policial, conforme citado no boletim de ocorrência.
Graciote morreu ainda no local.
DEMORA NO SOCORRO
Outro vídeo sobre o caso mostra uma discussão envolvendo populares e os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo a pessoa que filma a situação, o socorro demorou a atender ao chamado.
“Que demora da por***... tava dormindo, véi? É doido, é! Três horas para vir e o cara morrendo. É doido, é! Que demora da por***... Tem que pedir “por favor”? É só quando o cara morre para vir?”, diz o homem.
Um socorrista começa a responder algo relacionado ao momento que telefonaram para a central, mas é interrompido pelo homem, que alega que o socorro foi acionado presencialmente, por outra pessoa, há mais de meia hora. Essa pessoa teria ido pessoalmente à sede dos socorristas.
O homem ainda menciona que os paramédicos querem “estar certos e ficar bravos”.
ANTECEDENTE
O documento afirma que Thiago já tinha passagem por dirigir embriagado e que, na ocasião, quase atropelou pessoas e que, quando abordado, ofereceu resistência, sendo necessário apoio extra para contê-lo.
PROVIDÊNCIAS INTERNAS
A Polícia Militar determinou o afastamento do policial militar envolvido. O tenente-coronel Sizieboro Elvis Barbosa, comandante do 8º Regional, está a caminho de Cotriguaçu para tomar as providências cabíveis.
Já a Corregedoria-Geral da PM abriu inquérito para apurar os fatos e pediu o acompanhamento do Ministério Público do Estado (MP-MT).
A reportagem tentou contato com a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde, para pedir um posicionamento sobre a suposta demora no atendimento à vítima, mas não houve sucesso. O espaço segue aberto.
VEJA AS NOTAS NA ÍNTEGRA
A Corregedoria-Geral da Polícia Militar abriu inquérito para apuração dos fatos ocorridos na madrugada deste sábado (05.08), no município de Cotriguaçu. Solicitou também o acompanhamento do Ministério Público do Estado nas averiguações.
O Governo de Mato Grosso reforça que não coaduna com nenhum tipo de violência ou abuso de autoridade.
A Polícia Militar de Mato Grosso informa que determinou o imediato afastamento do policial militar envolvido na ocorrência em Cotriguaçu.
O comandante do 8º Comando Regional, sediado em Juína, tenente-coronel Sizieboro Elvis Barbosa, já está se deslocando para Cotriguaçu para tomar todas as providências necessárias.
VÍDEOS