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Polícia Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2024, 06:40 - A | A

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RETROSPECTIVA

Ex-marido é preso por mandar matar filha de deputado bolsonarista

Tarley Carvalho

Editor-adjunto

Fernanda Leite

Repórter | Estadão Mato Grosso

A morte da empresária Raquel Cattani, de 26 anos, foi os dos casos de feminídio com maior repercussão em Mato Grosso neste ano de 2024. Ela foi brutalmente assassinada com 30 facadas no dia 18 de julho, em sua propriedade, situada no Portal do Marape, em Nova Mutum (242 km de Cuiabá), pelo cunhado Rodrigo Xavier, que foi pago por seu irmão Romero Xavier, ex-marido da vítima. Raquel era filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL) e deixou dois filhos - um menino de 6 anos e uma menina de 3 anos -, que hoje estão sob a guarda dos avós maternos.

Os assassinos foram presos no dia 24 de julho, após as investigações da Polícia, que apontaram que o crime foi premeditado. Romero foi preso na casa do deputado.

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Raquel já foi encontrada morta pelo pai. O corpo estava sobre a cama e a casa estava toda revirada, evidenciando sinais de luta. Além disso, a vítima apresentava lesões nos braços, que mostrava a tentativa de se defender. Na ocasião, Romero se fez presente no local e encenou estar de luto e chocado com o crime. No mesmo dia, ele prestou esclarecimentos à polícia sobre seus passos no dia anterior e foi inicialmente descartado como suspeito pelo crime.

Para confundir os policiais, o assassino Rodrigo levou itens de Raquel com o objetivo de simular o crime de latrocínio e não de feminicídio. Do local, ele levou uma moto e um celular da vítima.

A linha de investigação envolveu uma verdadeira força-tarefa da Segurança Pública de Mato Grosso. Ao todo, mais de 150 pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil. Além dos depoimentos de pessoas próximas à Raquel, como amigos, vizinhos e os pais de Raquel, os investigadores também colheram depoimentos de moradores do assentamento e trabalhadores. Os policiais também analisaram as imagens de comércio da vila, das cidades vizinhas como São José do Rio Claro e Tapurah, para elucidar o crime.

Já na casa da vítima, os investigadores colheram impressões digitais e materiais genéticos, o que contribuiu para a identificação do assassino.

Durante o trabalho de depoimentos, os policiais foram à casa de Rodrigo, que chegou ao local horas depois dos agentes. Ele apresentou nervosismo com a presença dos policiais e conversou com eles com a porta de sua casa aberta. Isso possibilitou que os agentes visualizassem frascos de perfume que pertenciam à vítima. Esse detalhe foi fundamental para a polícia concluir a investigação.

Diante da evidente suspeita, ele confessou o homicídio de Raquel Cattani. Na casa também foram encontrados um aparelho de som, um cinto, um porta-celular e uma faca, todos os objetos pertencentes à vítima. Já a moto, o celular e a arma do crime foram jogados no Rio Verde, em Lucas do Rio Verde. A motocicleta foi encontrada pelos policiais no dia 25.

Conforme as investigações, no dia do crime, Romero levou seu irmão de forma escondida à região. Após ser preso, Rodrigo narrou que invadiu o local quebrando a janela do quarto das crianças. Ele permaneceu escondido no local por horas, aguardando pela chegada da vítima. 

Já em relação a Romero, as investigações mostram que ele foi à casa de Raquel e pegou os dois filhos para passar o dia com ele em Tapurah. Antes de seguir viagem, ele almoçou com o deputado. O mandante se empenhou em criar álibis, para despistar qualquer suspeita de envolvimento no crime. Segundo a polícia, já na cidade, Romero fez um churrasco durante a tarde e convidou pessoas com as quais sequer tinha muita ligação. Já no período da noite, ele foi a três boates da cidade. 

As investigações também apontaram que Romero tinha um comportamento possessivo e não aceitava o término da relação com a vítima. Os policiais também apuraram que o ex-marido pagou R$ 4 mil para que o irmão tirasse a vida de Raquel.

Raquel foi velada e sepultada em Lucas do Rio Verde (333 km de Cuiabá). 

 

 
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