A recente fala do presidente Lula sobre a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, classificando-a como “uma mulherzinha” expõe o quanto ainda precisamos avançar na compreensão da paridade de gênero na política, nas instituições e na sociedade.
Essa postura do presidente trouxe novamente à tona a necessidade de conscientização de respeito às conquistas pessoais e profissionais das mulheres na sociedade, ainda mais quando partem de líderes de alto escalão.
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O presidente também já comentou que uma máquina de lavar roupas é especialmente importante para mulheres, reforçando um estereótipo de gênero ultrapassado e desrespeitoso.
Mais grave ainda foi o episódio envolvendo Gleisi Hoffmann: em uma cerimônia oficial, o presidente fez um comentário pessoal afirmando que Gleisi recebeu o cargo de ministra porque queria uma “mulher bonita para ser ministra das Relações Institucionais”, causando visível constrangimento público.
Momentos como esses mostram claramente que, independentemente de ideologia ou posicionamento político, ainda prevalece uma cultura machista arraigada que precisa ser continuamente enfrentada e desconstruída.
Contrapondo atitudes negativas e preocupantes, lideranças femininas têm se destacado no Brasil, realizando trabalhos importantes e efetivos na luta pela igualdade de gênero e por políticas públicas de inclusão social.
Em Mato Grosso, Gisela Alves Cardoso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT), é um exemplo de líder feminina com impacto significativo na promoção da igualdade de gênero e uma postura coerente, séria e comprometida com políticas de valorização da mulher advogada. Foi Gisela que implantou a paridade de gênero nas ações da Ordem.
Outro exemplo é a primeira-dama do Estado de Mato Grosso, Virgínia Mendes, que lidera projetos sociais e programas de relevância às mulheres, destacando-se o "Ser Família", dando importante suporte para várias famílias em situação de vulnerabilidade chefiadas por mulheres.
Seu trabalho direcionado às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar tem garantido maior dignidade, autonomia e oportunidades de reinserção social às mulheres, em todas as classes sociais. Em Mato Grosso, Virgínia Mendes se tornou sinônimo na defesa dos direitos das mulheres, alertando e cobrando segurança e políticas públicas que garantam a igualdade de gênero.
É importante ressaltar que, apesar do combate aos preconceitos e desrespeitos, o Brasil tem avançado gradualmente no cenário do mercado de trabalho feminino, embora ainda distante do ideal de igualdade plena. Segundo os dados mais recentes do IBGE, cerca de 54% das mulheres brasileiras estão inseridas no mercado de trabalho, o que indica uma participação significativa, porém, ainda distante dos níveis de equidade ideal.
Contudo, quando analisamos cargos de liderança, direção ou gerência, a presença feminina cai drasticamente, alcançando apenas 38% das posições disponíveis no país.
Promover maior representatividade feminina em cargos políticos é um fator fundamental para que políticas públicas sejam efetivamente inclusivas e representativas das necessidades da população feminina.
Quando mulheres assumem posições de liderança política, frequentemente trazem para a pauta temas antes negligenciados, como violência doméstica, licença maternidade e paternidade igualitária, combate ao assédio sexual e a valorização econômica do trabalho feminino.
A luta pela paridade de gênero é um caminho longo e ainda repleto de obstáculos, mas essa é uma transformação necessária. Em suma, buscar a paridade de gênero na política e nas instituições representativas não é apenas uma obrigação moral e ética, mas uma necessidade absoluta para o desenvolvimento social sustentável, democrático e inclusivo do Brasil.
A conquista dessa paridade deve ser encarada como prioridade absoluta de toda a sociedade, sendo o caminho mais eficaz para construir um futuro mais justo e verdadeiramente respeitoso entre homens e mulheres.
DAUTO PASSARE é advogado