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Economia Quinta-feira, 06 de Janeiro de 2022, 07:00 - A | A

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Venda direta de etanol a postos não garante redução no preço do combustível

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

A venda direta de etanol aos postos de combustíveis não vai garantir a redução de seu preço, avalia o presidente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool/MT), Silvio Rangel. A venda direta foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), mas permite apenas a venda para postos localizados no mesmo município das indústrias.

Silvio avalia que para iniciar a venda diretamente aos postos, as usinas precisariam investir em infraestrutura de abastecimento, contratação de pessoal e investimento em logística. Apesar disso, o setor vê que a autorização, não sendo transformada em uma imposição, é positivo, pois poderá avaliar se vale a pena a venda direta aos postos.

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Um desses casos, exemplifica Silvio, seria de postos localizados próximos às usinas, dessa forma, o custo do frete não teria muito impacto no preço final. Fora desse cenário, as distribuidoras possuem maior know how para dar vazão aos 4,52 bilhões de litros de etanol que os produtores mato-grossenses vão disponibilizar no mercado neste ano.

A expectativa é produzir 10% a mais de etanol em relação ao ano passado, quando foi registrada a produção de 4,13 bilhões de litros.

“Hoje, já existe essa estrutura por parte das distribuidoras. Então, as usinas teriam que ter o que as distribuidoras têm”, afirma Silvio. “Com essa possibilidade de novos investimentos, é muito cedo para dizer que a medida deve ter impacto direto para os consumidores finais. Será que as usinas, os produtores, estarão mais eficientes que as distribuidoras?”, questiona.

Ainda de acordo com Silvio Rangel, o mercado mato-grossense consome apenas um terço da produção estadual, algo em torno de um bilhão de litros. O restante é exportado para outros estados, inclusive para São Paulo, que é o maior produtor do combustível no Brasil. Outro estado que compra o combustível de MT é o Pará.

“Temos um grande desafio nesse cenário: a logística de escoamento dessa produção, estando MT no centro do país, a distância até os portos e o custo de frete são questões significativas para exportação para fora do país. Então, a gente tem que outras usinas perto dos portos devam exportar pra fora do país e a gente fica com outros estados”, avalia.

Mato Grosso atualmente é o terceiro maior produtor de etanol, atrás de São Paulo e Goiás. Mas tem um diferencial em relação aos demais concorrentes: A capacidade de ampliar a produção. Segundo o Sindalcool, há quase 10 projetos para implantação de usinas no estado. Além disso, uma nova usina está sendo aberta em Primavera do Leste pela FS Bioenergia.

“MT tem muito a crescer devido à nossa produção, que tende aumentar cada vez mais. A estimativa para essa safra, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está em torno de 40 milhões de toneladas de milho. O estado tem um potencial muito grande para crescer nessa área de combustíveis renováveis. Não só no etanol, na questão de biodiesel”, conclui.

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