A Rota do Oeste, empresa que pertencia ao grupo Odebrecht, finalmente passará para as mãos da MT Par, o braço do Governo de Mato Grosso em investimentos e projetos. A MT Par assumirá o controle acionário da Rota na próxima quinta-feira (4), após diversas rodadas de negociações descontos de cerca de 50% e pagamento à vista da de R$ 920 milhões.
A Rota do Oeste é responsável pelo trecho de 850 km da BR-163 em Mato Grosso, entre os municípios de Itiquira, divisa com Mato Grosso do Sul, e Sinop, no Norte de MT. A empresa tinha assumido a concessão em 2014, com o compromisso de duplicar 450 km, além de realizar melhorias e a manutenção da via.
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Apenas 120 km foram duplicados pela empresa, que viu as portas de instituições bancárias se fechando para ela, após a Operação Lava Jato apontar o envolvimento da diretoria do grupo Odebrecht em pagamento de vantagens para políticos. Desde a operação da Polícia Federal, a empresa não conseguiu mais cumprir seus compromissos.
A Odebrecht tentou várias vezes vender o controle da Rota para a iniciativa privada, mas nenhuma empresa se mostrou disposta a assumir a empreitada. A outra solução seria a realização de uma nova licitação pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que demoraria mais de 5 anos, além de correr o risco de não aparecer interessados.
A expectativa, agora, é que as obras comecem imediatamente após o governo estadual assumir o controle acionário da companhia. Conforme adiantado pelo governador Mauro Mendes, a primeira obra será a duplicação de um trecho de cerca de 90 km, entre Diamantino e Nova Mutum, trecho mais problemático da via.
A rodovia chegou a receber o apelido de "Rodovia da Morte", em razão de acidentes fatais diários, envolvendo veículos de passeio e carreta, principalmente em batidas frontais, já que a pista não é duplicada e possui tráfego intenso de veículos de cargas. A via é a única utilizada no transporte de cargas da região, que tem a maior produção de grãos do estado.
"A BR-163 é uma rodovia federal, mas quem sofre as consequências da falta dessas obras somos nós, mato-grossenses. Por isso decidimos intervir nessa situação e encontramos uma solução que já é considerada inovadora no país, com o Estado assumindo a concessão e já iniciando as obras”, disse o governador.
A previsão é que sejam investidos R$ 1,2 bilhão nos próximos meses na rodovia. Após sanado os problemas, o governador pretende revender a companhia para a iniciativa privada e recuperar os recursos investidos nas melhorias. A solução para a rodovia foi vista como inovadora e inédita em todo país.
O início das negociações para o governo assumir a Rota ocorreu no início de 2022, mas foi tornada pública somente em setembro, após o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovar um Termo de Ajustamento de Condutas (TAC), com os principais compromissos, dentre eles compartilhar os riscos de impacto da ferrovia, que vai concorrer com a rodovia.
