Depois de ministrar a palestra “Pantanal Ants: o que sabemos sobre as formigas deste bioma” e o Curso Introdução ao Mundo das Formigas, o Dr. Ricardo Eduardo Vicente, pesquisador do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), desenvolveu a capacitação “Taxonomia de Formigas Nectarívoras do Semiárido: Caatinga”, entre os últimos dias 21 e 25 de outubro.
O curso sobre interação formigas-plantas ocorreu na Fazenda Experimental Vale do Curu (Pentecoste, Ceará), à convite do Prof. Dr. Ítalo Cotta Coutinho, do Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Ceará (UFC), e surgiu como resultado das atividades de ensino e divulgação científica promovidas pelo pesquisador do INPP.
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Ministrado em conjunto com a Dra. Camila Rabelo Oliveira Leal do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais (UFC), a capacitação apresentou um amplo conteúdo programático, distribuído em aulas teóricas e práticas, abordando: Biologia e interações; Diversidade morfológica/taxonômica, principais métodos de amostragem e breve história da mirmecologia brasileira; Estado de conhecimento e conservação das formigas dos ecossistemas savânicos dos biomas brasileiros; Diversidade de insetos e risco de predação ao longo da estação chuvosa em uma floresta tropical seca; Principais métodos de amostragem e curadoria de formigas; Experimentos em campo; e Identificação em laboratório.
Dr. Ítalo Coutinho avaliou positivamente como a iniciativa apresentou a diversidade de formigas nectarívoras da Caatinga, “demonstrando a importância desses pequenos insetos nas interações com as espécies de plantas portadoras de nectários em órgãos vegetativos. Esse novo olhar é importante, considerando que muitas vezes os alunos focam apenas nas glândulas florais produtoras de néctar, as quais comumente fazem interações com abelhas”.
“Além da interação entre insetos e nectários florais, que são essenciais na polinização e formação de frutos, a interação entre formigas e plantas em nectários extraflorais é importantíssima na defesa da planta contra herbívoros. A planta não precisando repor as folhas consumidas por herbívoros, pode investir mais energia em crescimento e reprodução”, acrescenta Ricardo.
O pesquisador ainda salienta a importância desta capacitação para os jovens que estão iniciando as atividades de pesquisa em ciências naturais: “Os temas apresentados no curso são baseados em fundamentos teóricos e experimentação científica, princípios que são transversais. Fiquei muito feliz em ver o envolvimento dos participantes do curso, que eram estudantes de graduação e pós-graduação em biologia e agronomia. Ver essa juventude comprometida com a ciência, nos anima e nos faz considerar novos horizontes”, finaliza.
Relatos de experiências dos participantes do curso:
“Foi meu primeiro curso sobre formigas, então para mim trouxe uma luz, eu estava me sentindo perdida, não sabia que fundamentação usar, quem procurar, por onde começar. Agora me sinto um pouco mais confiante para desbravar o mundo das formigas” (Lilia Mara, PPGERN/UFC).
“Aprendi muitas coisas fascinantes sobre a morfologia das formigas, explorando cada parte de seu corpo e entendendo estruturas que eu nem imaginava. Conhecer o ‘jardim de formigas’ foi uma experiência reveladora, especialmente ao observar como elas selecionam as espécies que irão estar presentes. Além disso a interação delas com nectários extraflorais das plantas, uma fonte de alimento fora das flores que as formigas utilizam, criando uma relação simbiótica surpreendente. Também tive a oportunidade de identificar várias espécies, percebendo suas diferenças e adaptabilidades. Com cada descoberta, compreendi melhor a complexidade dessas relações e como até os menores seres têm um papel essencial no equilíbrio da natureza”. (Mirelle Marques, PPGSIS/UFC).
“O curso foi muito oportuno para conhecer novas perspectivas e protocolos de estudos das interações das formigas com os recursos acessíveis no entorno. Através das palestras, conversas e as trocas de experiências com os colegas pude entender melhor sobre a produtividade, os custos e os mecanismos de ‘reciprocidade’ entre as plantas e as formigas da Caatinga. O que me foi oportuno para clarear algumas ideias sobre a complexidade das relações ecológicas ocorrentes neste ambiente, muito por influência da sazonalidade, das competições e das flutuações na organização da comunidade”.(Sérgio Capistrano, PPGERN/UFC)
No mês de novembro, o Dr. Ricardo ministrará um curso de campo em dois Programas de Pós-graduação da UFMT (PPG em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e PPG em Ciências Ambientais), falando sobre métodos de amostragem e estudos em biodiversidade de formigas e outros artrópodes. Além dos cursos, fará duas palestras sobre temas da mirmecologia brasileira no VII Curso Formigas do Brasil (CFB) edição Pantanal (https://www.gov.br/inpp/pt-br/noticias/pesquisador-do-inpp-participa-da-edicao-pantanal-do-curso-formigas-do-brasil), e no Caféco (Café com Ecologia), ambos realizados na UFMS em Mato Grosso do Sul.