O peru de Natal é considerado um símbolo da ceia, mas, na verdade, apesar de o macho levar a fama, quem realmente é preparada para as festas é a fêmea.
O motivo de ela ser quem acaba indo para o forno no dia 24 é que as peruas crescem menos que os machos, sendo mais vantajoso para o produtor comercializá-los no mercado de pedaços, explica o pesquisador Elsio Figueiredo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Suínos e Aves.
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Já com a alternativa para o prato principal, o frango natalino, também conhecido pela marca Chester, que pertence à Perdigão, acontece o oposto: o principal produto é o macho. A razão é que eles crescem mais, então a fêmea acaba sendo vendida como um produto para o dia a dia.
Para o frango atingir o tamanho ideal para a ceia, o produtor deve ainda fazer uma seleção genética, priorizando as características desejadas.
Por se desenvolverem em ritmos diferentes, os perus e as peruas são criados separadamente. Caso o contrário, quando o macho fica maior do que a fêmea, ele pode acabar pegando toda a comida para si, deixando ela sem nada.
De acordo com Figueiredo, o peru consegue desenvolver cerca de 10 kg a mais do que a fêmea consumindo a mesma quantidade de ração.
O abate das peruas acontece quando elas têm por volta de 10 semanas de idade, época em que ultrapassam os 5 kg de peso, obtendo uma carcaça de 4 kg, ideal para o Natal.
Mas, fugir da ceia não significa que os perus escapam do abate. Eles vivem até 20 semanas, chegando a 25 kg, o seu potencial máximo de crescimento. A sua carne é usada no setor de pedaços, para fazer peito de peru, salsicha, defumados, entre outros.
Além disso, nem todas as fêmeas vão para as ceias, algumas são criadas para o mesmo fim que os machos, sendo encaminhadas para o mercado de pedaços após 20 semanas. Nesse período, elas atingem o peso de 15 kg. Contudo, o inverso não ocorre, o macho raramente é vendido inteiro.
“Não vale a pena para o produtor matar o peru antes (de 20 semanas) porque ele deixa de ganhar dinheiro. Imagina tu vender um macho que vai poder vender com 25 kg, por R$ 150, e tu vai matar ele com 10 semanas, com metade do peso que rende menos. Então, está na economia da produção”, explica Elsio Figueiredo.
Por que a ave é tão cara?
Apesar de saboroso, um peru para o Natal não cabe no bolso de todos, pois costuma ser uma ave mais cara. A razão disso está ainda no começo da linha de produção: os pintos e os ovos da espécie custam mais, relata o pesquisador da Embrapa.
“Por isso você os cria até o máximo de idade, porque custou caro aquele pinto, tem que agregar o máximo de valor“, diz.
Já o motivo de o pinto e de o ovo serem caros é porque a fêmea coloca poucos ovos. De acordo com Figueiredo, uma galinha comum põe cerca de 180 ovos, enquanto a perua apenas por volta de 80.
Seleção a dedo
Os frangos de Natal costumam ser um pouco maiores do que aqueles que compramos para o dia a dia. Para obter esse resultado, os produtores levam cerca de um ano organizando a reprodução entre linhagens genéticas específicas, explica Figueiredo.
O Chester, um dos produtos mais famosos dessa linha, por exemplo, tem a característica do peito grande. A seleção desse atributo começa na geração de bisavós.
Ao todo, 4 variedades são escolhidas para a reprodução, cada uma denominada com uma letra (A, B, C e D). Cada linha tem um traço de interesse, por exemplo: o peito maior, melhor rendimento de peso em relação à ração, capacidade de colocar mais ovos, entre outros.
A partir disso, as linhas são cruzadas entre si até nascer a geração ABCD, que é o frango vendido para as festas. Confira abaixo:
Diferente dos seus antecedentes, o frango de Natal não é usado para reprodução, mas apenas para o abate, por isso todos os anos os criadores devem começar todo o processo de linhagem novamente.
Em oposição ao peru, o que vai para as ceias de Natal é o macho. O motivo é que eles ganham mais peso, se adequando mais a este mercado. Como a fêmea não cresce tanto, acaba sendo vendida como um frango normal.