Eleita presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, a vereadora Paula Calil (PL) negou que o prefeito Abilio Brunini (PL) tenha interferido no processo eleitoral do Parlamento. A liberal rechaçou as alegações de seu opositor Chico 2000 (PL), que recuou de disputar a reeleição da Mesa ao ver que sua concorrente já tinha votos suficientes para ser eleita presidente, e afirmou que ela mesma fez as articulações em torno de seu nome. Paula conversou com a imprensa nesta manhã de quarta-feira, 1º de janeiro, ao chegar à Câmara para tomar posse.
“Desde o primeiro momento, quando nós falamos sobre uma chapa 100% feminina, eu comecei a fazer as visitas, eu comecei um processo de construção, porque isso é uma construção e quem foi buscar os vereadores, buscar apoio foi a vereadora Paula Calil, muitas vezes com a vereadora Katiuscia [PSB] e assim foi uma construção durante esse período, não houve interferência”, afirmou.
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Ainda sobre o assunto, Paula classificou como falta de bom senso as acusações de Chico, sobre suposta interferência do prefeito e do deputado estadual Faissal Calil (Cidadania), seu irmão. Isso porque, quando lançou seu nome à disputa, Chico 2000 afirmou que também buscaria o apoio de Abilio à sua candidatura.
“[...] engraçado que quando ele [Chico] colocou o nome dele à disposição, ele falou que ia buscar o apoio do prefeito Abilio e agora, na nossa chapa, houve interferência do prefeito Abilio, não condiz, não tem bom senso... eu acho que criaram-se muitas narrativas neste processo da eleição, é uma eleição democrática, onde as vezes os ânimos ficam muito aflorados, mas hoje acaba”, rebateu.
Quando lançado, o nome de Paula não foi bem recebido por parte dos vereadores eleitos, principalmente entre aqueles que foram reeleitos. A aversão se deu, principalmente, por ela ser estreante na política e por ter sido lançada por Abilio. Outro fator que gerou descontentamento foi a ideia de se criar uma chapa exclusivamente feminina, sem a participação de homens.
A proposta também é do prefeito diplomado, que destacou se tratar de uma oportunidade única, uma vez que o pleito de 2024 elegeu o maior número de vereadoras da história de Cuiabá, oito ao todo. Aliás, cinco delas entre os 10 mais votados, inclusive as duas primeiras, que foram Samantha Iris (PL), esposa de Abilio, e Maysa Leão (Republicanos).
A eleição interna da Câmara escancarou ainda mais as rusgas internas do PL entre Chico 2000 e Abilio Brunini. Os dois já tinham se estranhado no passado, inclusive sobre a candidatura à Prefeitura de Cuiabá, que Chico também desejou disputar. Superada esta etapa, Chico afirmou que Abilio não o procurou para discutir a possibilidade de ele disputar um novo mandato como presidente da Casa e decidiu inicialmente não disputar o cargo, anunciando seu apoio a Jeferson Siqueira (PSD).
O social-democrata foi pra cima e travou diversos enfrentamentos com Abilio, evitando mirar seus ataques diretamente a Paula Calil. No meio do caminho, surgiram acusações de que a facção criminosa Comando Vermelho estaria financiando a disputa pela Câmara de Cuiabá e isso esquentou ainda mais a eleição. Embora as acusações não tenham sido feitas nominalmente, ela partiu do grupo de Paula, que só tinha Jeferson como opositor.
Nas últimas semanas, Jeferson recuou da disputa alegando esses ataques e a interferência de Abilio no pleito interno da Casa. Nos bastidores, porém, a conversa é que Jeferson teria exercido a função de “boi de piranha” para blindar a imagem de Chico, que logo depois anunciou estar na disputa pelo cargo.
Chico permaneceu na disputa, mas tomou um banho de água fria na última segunda-feira, 30, quando Paula Calil publicou uma foto nas redes sociais rodeada de outros 17 parlamentares que a apoiavam para presidente. No dia seguinte, Chico jogou a toalha.
