As eleições do ano que vem ainda estão distantes, mas suas articulações já estão a todo vapor. Lideranças partidárias e propensos candidatos buscam apoio e alianças com nomes e grupos de peso. Entre esses, o Partido Liberal tenta atrair apoiadores à candidatura do deputado federal Abílio Brunini, que deve disputar a Prefeitura de Cuiabá.
Na semana passada, o parlamentar pediu ao governador Mauro Mendes (União Brasil) que apoie sua empreitada. O “convite” foi feito durante uma viagem, que também contou com a participação do deputado federal Fábio Garcia (União Brasil) e do senador Wellington Fagundes (PL), presidente do partido em Mato Grosso.
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Apesar de ainda estar distante, não é preciso ser vidente para concluir que o convite não dará frutos, pelo menos não no primeiro turno. Fábio Garcia é “o menino dos olhos” do governador, seu afilhado político. Ele já deve enfrentar uma batalha interna pela candidatura, que também vem sendo pleiteada pelo presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Eduardo Botelho.
A julgar pela fala de Fagundes, ele também parece não esperar uma resposta positiva ao convite feito por Abílio. Em conversa com jornalistas nesta manhã de segunda-feira, 27 de março, ele enfatizou que a aliança deve surgir no segundo turno das eleições do ano que vem.
“Então, faz-se um primeiro turno, cada um mostra suas ideias e compõe no segundo turno. Ele [Abílio] pediu o apoio [de Mauro Mendes]... queremos que o União Brasil nos apoie. Nós queremos que esses dois [Eduardo Botelho e Fábio Garcia] nos apoie, acho que esse é o natural, buscar esse apoio. Como eu disse, Cuiabá tem eleição de dois turnos. É perfeitamente possível que saia muitos candidatos e aí depois no segundo turno tenha uma composição nova”, ponderou.
Abílio não deve desistir da candidatura. Em 2020, ele disputou à Prefeitura de Cuiabá contra Emanuel Pinheiro (MDB), ficou na primeira colocação, foi ao segundo turno e protagonizou uma disputa acirradíssima, da qual foi derrotado por uma diferença mínima. Pinheiro venceu a eleição com 135.871 votos (51,15% dos válidos), enquanto Abílio recebeu 129.777 votos (48,85% dos votos válidos).
RACHAS
A disputa interna do União Brasil pode causar rupturas na agremiação, já que os dois pré-candidatos têm peso. Botelho teve uma votação expressiva na capital, enquanto Garcia tem a preferência do governador, além de ser o presidente estadual do partido.
Nessa toada, Fábio pode levar a melhor. Embora Botelho também seja próximo ao governador, ele mantém boa relação com o atual prefeito da capital, Emanuel Pinheiro (MDB), que vive em constante animosidade com Mauro. A briga entre os dois ultrapassa a adversidade política, podendo ser taxada de verdadeira inimizade.
Além disso, a primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes, não tem nutrido o melhor carisma por Botelho. Não raro, a esposa de Mendes usa suas redes sociais para criticar posicionamentos do presidente da Assembleia. A última farpa se deu quando o deputado afirmou que esperava resultados positivos da intervenção administrativa na Saúde de Cuiabá, estipulada pelo Poder Judiciário para que o Governo do Estado assumisse a gestão da pasta.
“O Sr deputado só pode estar debochando de nós cuiabanos! Não é possível!!! Há quantos anos o senhor deveria estar ajudando a cobrar e fiscalizar seu amigo prefeito e todos os desmandos dessa gestão? Vou além... quantas pessoas precisaram morrer pelo descaso na saúde pro senhor vir só agora falar em resultados da intervenção?!”, publicou Virgínia.
Botelho preferiu não responder às críticas.
O parlamentar não deu sinais de que pretende deixar sua atual legenda, mas deixa claro seu posicionamento de que pretende disputar a Prefeitura. Caso a candidatura seja mais importante que sua permanência no partido, ele já tem portas abertas. O PSD, do ministro Carlos Favaro (Agricultura e Pecuária), já o convidou para se filiar às suas fileiras, com a promessa de ser o candidato ao Palácio Alencastro.
Uma composição com o partido poderia representar a ruptura de vez com o governador Mauro Mendes, por duas razões. A primeira é que a legenda é presidida por Fávaro, que rompeu com o governador nas eleições do ano passado para se aliar à esposa de Emanuel, Márcia Pinheiro (PV), que disputou o Governo do Estado, enfrentando Mauro nas urnas.
O segundo motivo é “filho” do primeiro, já que a aliança de Fávaro e Emanuel deve se repetir no ano que vem. O grupo deverá ser composto pelo atual prefeito, que busca um nome de peso para o suceder. Márcia também deve ter um papel significativo no pleito, uma vez que assumiu um papel mais eleitoral no último ano e ficou em segundo lugar na disputa ao Governo do Estado.
O grupo também deve receber o apoio do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que seu partido está federado com o PV, de Márcia, e o PCdoB. Favaro é senador licenciado e atual ministro de Lula, o que reforça a possibilidade de uma aliança no pleito do ano que vem.