A expansão do crime organizado pelos estados do Brasil tem causado cada vez mais a sensação de medo e impotência na população, que fica de mãos atadas frente à onda de violência. Em Mato Grosso, a situação ainda é agravada devido à guerra das facções, principalmente no norte do estado. Para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, o Brasil vive um momento de quebra da cultura da paz. Ele esteve em Cuiabá nesta manhã de segunda-feira, 18 de novembro, na cerimônia de comemoração aos 35 anos da Constituição do Estado, na Assembleia Legislativa.
Para ele, porém, a onda de violência está diretamente atrelada aos conflitos políticos e brigas via redes sociais.
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“Há uma vinculação entre uma coisa e outra. Essa violência na política, violência nas redes, se reflete também na quebra de uma cultura de paz, porque se rompem os laços interpessoais de fraternidade que são necessários para que nós tenhamos uma sociedade sem violência”, afirmou.
Dino também ponderou que o Estado Brasileiro tem atuado em ações de prevenção, mas que também é necessário reforçar a punição à prática de crimes.
A expansão das facções em Mato Grosso já se tornou notícia cotidiana. Quase todos os dias há notícias de execuções de criminosos em cumprimento a determinações do tribunal paralelo do crime. Muitas vezes, a sentença de morte se dá porque a vítima é integrante de uma facção rival à que determinou sua morte.
Não é só isso. Em Cuiabá, por exemplo, rumores apontam para o envolvimento da facção criminosa Comando Vermelho na política partidária. Nas últimas semanas, o prefeito eleito Abilio Brunini (PL) denunciou a suposta interferência da facção na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá, sob o pagamento de R$ 200 mil por voto.
A notícia causou um escândalo no meio político e esquentou o clima entre o futuro prefeito e a Casa de Leis, tanto com os atuais integrantes quanto entre os futuros. O caso agora está sendo investigado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT).
ATENTADO
Colegas de toga de Flávio Dino, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes também estiveram presentes no evento e comentaram sobre o atentado praticado pelo extremista Francisco Wanderley Luiz, o “Tiu França”, que tentou explodir a estátua da deusa Temis, em frente ao STF, e pretendia invadir o local para assassinar ministros da Suprema Corte. Ele acabou morto ao tentar explodir a estátua.
Gilmar Mendes mencionou que a Corte deve reforçar a segurança institucional e dos ministros e que o Brasil não tem uma cultura rigorosa de segurança.
“Infelizmente, ou felizmente, nós não temos uma cultura rigorosa de segurança. Normalmente, nós adotamos determinadas práticas e depois as dispensamos. Um episódio como este nos faz mais do que refletir, nos faz pensar que precisamos mudar, pelo menos por hora, incorporar mais elementos de segurança nas nossas vidas”, comentou.
O ministro também avaliou que cabe às pessoas públicas, políticas e jurídicas, o debate sobre a atual realidade e as formas de combater a violência que assola o país, em especial àquela causada pela divergência política.