Ex-vereador de São Paulo por dois mandatos pelo MDB, Ricardo Nunes, 53 anos, assume o comando efetivo da cidade de São Paulo a partir deste domingo, 16, depois da morte precoce do prefeito Bruno Covas (PSDB). O político exercia o cargo interinamente desde o dia 2 de maio. A mesa diretora da Câmara Municipal de São Paulo reuniu-se nesta manhã, às 11h20, para oficializar a mudança.
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Católico atuante e considerado mais conservador que o tucano, Nunes foi eleito pela primeira vez em 2012. A aterrisagem do empresário fundador da Nikkey, empresa de controle de pregas, na chapa de Covas é fruto de um arranjo político após a desistência do apresentador José Luiz Datena.
Em 2015, Nunes atuou contra a chamada “ideologia de gênero”, termo pejorativo que conservadores costumam usar ao se referir a assuntos relacionados a direitos sexuais, reprodutivos e igualdade de gênero. O então parlamentar foi o autor do texto que retirou questões de gênero do Plano Municipal de Educação. No ano seguinte, ele tentou suspender por meio de um ofício a realização da “Semana de Gênero” em um colégio da Zona Oeste de São Paulo, que organizaria palestras sobre machismo, violência contra mulheres e desigualdade entre os gêneros.
Durante a campanha para a prefeitura de 2020, veio a público uma denúncia contra Nunes de violência doméstica. Em 2011, a esposa do vereador, Regina Carnovale, registrou um boletim de ocorrência relatando supostas ameaças e agressões do marido. A informação foi desmentida pelo casal. Segundo eles, o caso ocorreu durante uma “fase muito difícil”. Os dois continuam juntos e têm uma filha.
O ex-vereador ganhou notoriedade na Câmara ao presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Tributária, que multou o Itaú Unibanco em R$ 3,8 bilhões por suposta fraude fiscal. Na mesma época, Nunes precisou se explicar sobre denúncias de supostos favorecimentos à Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos (Sobei), ONG com a qual tem relação desde o fim da década de 1990.
O político foi alvo de uma investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo que apurou indícios de superfaturamento no aluguel de creches privadas que mantêm convênio com a prefeitura. O inquérito aponta que Nunes e outros três vereadores teriam sido favorecidos financeiramente por meio da Sobei. Segundo o MP, a entidade recebia R$ 329 mil por mês da prefeitura de São Paulo.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o agora prefeito afirmou que seguirá as mesmas diretrizes de Covas. “Não haverá mudança em nada que o Bruno planejou e definiu. Será uma gestão Bruno Covas até 2024. Não existe qualquer outra possibilidade a não ser honrar a memória dele e homenagear o carinho que ele tem pela cidade”, disse ele.
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