Dentre os presos durante a Operação Armadillo, que mirava os responsáveis pela escavação de um túnel com o objetivo de realizar uma fuga em massa da Penitenciária Central do Estado (PCE), está um engenheiro, identificado como Anderson Ramos da Cruz. A informação foi revelada pelo delegado Frederico Murta na manhã de quarta-feira (25), durante uma coletiva de imprensa na sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
Nas palavras do delegado, todas as oito pessoas com a prisão preventiva decretada atuavam na logística do túnel escavado. O túnel tinha dois metros de altura e mais de 40 metros de comprimento, já com iluminação elétrica para agilizar os trabalhos. A escavação partia de uma casa localizada a 200 metros da penitenciária, no Jardim Industriário I, em Cuiabá.
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“Todos eles estavam envolvidos na parte de logística, teve custeio, manutenção das pessoas na casa, compras de materiais. O engenheiro foi identificado por meio de várias compras que foram realizadas. Várias caixas estavam sendo utilizadas, maquinários... A conta dele foi bastante utilizada e ele mantinha contato direto com os envolvidos”, afirmou o delegado.
Para o delegado, a estrutura construída para a fuga lembrou muito o famoso túnel escavado para o assalto ao Banco Central em Fortaleza, realizado em 2005. Mas lembra ‘só de passagem’, pois a perícia revelou que o túnel dos cuiabanos apresentava várias falhas estruturais.
“Eles estavam ali em uma situação periclitante [de perigo]. Acredito que eles tenham atingido uma galeria de esgoto. O túnel estava com muita dificuldade em bombear a água. Eles estavam trabalhando ali, nos últimos dias, com parte do corpo submerso no esgoto. Então, acredito que eles não conseguiriam chegar, pois aquela estrutura tenderia a ruir a qualquer momento”, afirmou o delegado.
Se os criminosos tivessem sucesso na empreitada, o túnel abriria caminho para uma das maiores fugas do sistema penitenciário de Mato Grosso. Essa era a esperança dos criminosos de alta periculosidade que estão na PCE, mas uma denúncia anônima fez desabar o ‘sonho de liberdade’ dos malfeitores. A casa caiu em setembro do ano passado, quando 12 pessoas – entre elas, três adolescentes - foram detidas em flagrante trabalhando na construção do túnel.
O delegado lembrou que um aparelho de GPS foi encontrado durante o cumprimento de buscas e apreensões no local. Ele era usado para guiar as escavações. Ao procurar o destino dos criminosos, os policiais entraram na PCE e descobriram que o GPS indicava um ponto em um dos pavilhões da unidade.
“Se eles tivessem conseguido ali, de alguma forma, se eles chegassem ao fim, seria sim um túnel de tamanho considerável, de estrutura não muito pequena e caso tivesse aberto um acesso ali, poderia facilitar uma fuga em massa da penitenciária, um problema imensurável para a sociedade”, afirmou.