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Opinião Quinta-feira, 10 de Outubro de 2024, 06:00 - A | A

Quinta-feira, 10 de Outubro de 2024, 06h:00 - A | A

ANTÔNIO PACHECO

Lúdio, alianças e PT

Antônio Pacheco*

A vitória do deputado Lúdio Cabral no segundo turno para prefeito de Cuiabá é uma possibilidade concreta que depende essencialmente da capacidade de articulação política dos dirigentes do PT e do próprio candidato.

Os dirigentes petistas precisam entender que a disputa não se resolverá favoravelmente ao Lúdio Cabral com propaganda branquinha e boazinha e militância orgânica. 

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Na política, mais do que imagem, conta mesmo é a habilidade dos articuladores partidários de aglutinar interesses e projetos de poder. Ou seja, é preciso antes de mais nada saber dividir espaços e abrir portas para também se ganhar espaços e ocupá-los. Os dogmatismo e purismo ideológicos, a soberba pessoal e a usura política são pecados imperdoáveis pelos eleitores. E o PT, infelizmente, tem muito disso tudo em suas várias correntes. E tem sido essa cegueira política, essa resistente insistência em não se planejar, não se articular, não ampliar suas conexões com os extratos medianos da política e da sociedade a causa de suas derrotas sucessivas nas eleições em Cuiabá e em outros colégios eleitorais importantes do estado.

É passada a hora de superar estes equívocos. É hora de romper as barreiras dogmáticas e abraçar a realidade inescapável de que uma estrela só não ilumina as trevas.

Para o Lúdio vencer a extrema direita em Cuiabá será preciso conquistar apoios entre os partidos da base da candidatura do Eduardo Botelho. É necessário que os dirigentes da Federação, especialmente do PT, exercitem toda a sua capacidade de  articulação, de compreensão, de sabedoria e humildade nas negociações com o MDB, o PSB, o Solidariedade, o PDT, entre outros e, inclusive com o próprio União Brasil, partido do Eduardo Botelho e do governador Mauro Mendes tendo em mente que o UB é base de apoio ao governo petista do Presidente Lula. 

Que reflitam e aprendam a lição que as urnas estampam diante de nossos olhos: o atual prefeito Emanuel Pinheiro tem um estoque considerável de capital eleitoral - e que foi menosprezado desde a articulação da aliança com o PV - e, querendo-se admitir por bom senso ou negando-se por teimosia, é agora o fiel da balança que pode determinar se o seu sucessor será o Abílio ou o Lúdio. 

A prova dessa afirmação está nas urnas: o número de candidatos a vereadores apoiados pelo prefeito que se elegeram, sendo três do PV e 2 do MDB fora os de outros partidos que estão na base de apoio de Pinheiro. 

E em contrapartida, o PT não elegeu nenhum mesmo com o aumento no número de vagas no parlamento municipal. Um fiasco que era previsível, fruto da falta de planejamento político, de esforço interno para preservar espaços já conquistados e fortalecer lideranças nascentes de potencial inegável para agregar capital eleitoral ao partido.

Negar que a disputa entre Lúdio e Abílio será uma disputa entre forças externas ao próprio PT é o mesmo que assumir a derrota por antecipação. 

O núcleo duro da base do governador Mauro Mendes que estava com Botelho vai se juntar ao Abílio Brunini a partir dos vínculos do bolsonarismo. Isso é óbvio. Para contrabalançar esse fator, caberá aos dirigentes petistas buscar aqueles que têm projetos de poder ameaçados pelo próprio crescimento alcançado pelo Abílio nesse primeiro turno. 

Será imperativo que as articulações se deem tanto em nível local quanto nacional. E é fundamental que o presidente Lula venha para o corpo a corpo com todo o seu peso de maior estadista vivo no mundo hoje, toda a sua experiência e poder de fazer. Lula precisa vir e dizer claramente que Lúdio é o seu prefeito e que as portas do governo federal estão abertas para ele. A população de Cuiabá precisa dessa garantia para reagir contra o bolsofascismo representado pelo Abílio.

Para o Lúdio vencer o segundo turno só existe um caminho: usar um arsenal pesado de argumentos políticos, programáticos e pragmáticos e conquistar aliados para além da fronteira do campo eleitoral da esquerda e da centro esquerda. Do contrário, perderá a chance de ser o prefeito de Cuiabá que nós precisamos e queremos ter.

 

*Antonio P. Pacheco é jornalista, especialista em marketing político e eleitoral.

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