Descendentes de índios e negros, os rituais místicos sempre foram vistos com naturalidade em minha família e aprendi ainda bem menina que o banho de rosas brancas me faria bem, pois teria o poder de afastar as más energias, olho grande e atrair coisas boas... Foi assim, ainda menina, que aprendi que o mundo nem sempre seria um lugar bom, pois teria que me defender da maldade que poderia vir de qualquer lado e a qualquer hora, tal como o assassinato brutal do meu avô, José de Souza, na ainda desconhecida Chapada dos Guimarães de 1950.
E tal qual o botão de rosas da lembrança juvenil, foi assim que observei esta semana e os seus acontecimentos, além do meu mundo interno, claro! Como uma flor que ainda não está pronta para desabrochar, que quer ficar quietinha no seu canto, contemplando o seu interior repleto de perfume e cor. E que naturalmente, em seu silêncio, vai descobrindo ou redescobrindo o seu valor, os seus conceitos e fazendo escolhas cada vez mais conscientes.
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Foi com essa consciência e estado de presença que quando alguém muito querido perguntou: 'Nega, você não vai fazer live?'. Prontamente respondi: 'Não!'. Não secamente, como a rosa já murcha e seca que deixa as suas pétalas caírem sem que seja necessário um sopro sequer, mas doce e respeitosamente com todos os profissionais que estão fazendo! Aliás, já assisti várias, e quase quase me estressei quando percebi que não conseguiria assistir todas que me interessavam, pois entre os afazeres de casa e os horários das lives se chocando, eu teria que escolher. Então, quando percebi o excesso, parei e disse: Epa! O mundo está pedindo um pouco mais de calma (e por que não de alma)?! Por que eu continuaria na contramão fazendo loucamente o que me rouba de mim? Da minha presença e do meu SER? Aprendi muito com todas elas, mas resolvi dar-me um tempo. Não postei diariamente no 'insta', não dei like para tudo o que curti nas redes. E sobre não fazer live agora, a resposta é simples e sincera, com exceção da rádio, não fazia parte da minha rotina e não preciso fazer agora porque 'todos' estão fazendo.
Ainda, silenciosamente, acompanhei indignada a demissão injusta do apresentador gente boa e fiquei pensando no quanto a vida tem nos cobrado um estado de alerta! Sinal vermelho! E cuidado com tudo e com todos! Que mundo é esse e o que restará da nossa saúde mental e emocional? Me perguntei, como tantos, sobre quem seria o tal emissor da imagem... Um sociopata? Um psicopata? Ou simplesmente alguém que sente culpa agora que o leite já derramou? É preciso muito pouco para derrubar alguém, não? Mas eu espero, com o pensamento mais sincero, que esse seja só mais um episódio daqueles que, quando uma porta se fecha, outra maior se abre para o apresentador e qualquer pessoa que se veja em situação semelhante! Pois foi assim, com esse olhar e sentimento revestidos de Pollyana que cheguei aqui.
E então, minha gente?
O mundo é justo?
As pessoas têm só uma face?
Ferrou, né?
Mas como sempre tento deixar algo bom por aqui, eu diria que, apesar dos pesares, use máscaras sim, digo as de tecido (risos). E, sempre que possível, tente ver nas injustiças e contradições do mundo uma oportunidade para crescer, aprender e ser alguém melhor! Apreciando o perfume e muito cuidado com os espinhos sempre, que inevitavelmente existirão, pois sem eles não há o perfume das rosas.
PSICÓLOGA SANI RAQUEL DE SOUZA NEVES. CRP 18/01332. Psicologia Clínica. Esp. Gestão em Saúde UAB/UFMT. Sexologia Clínica. Constelação Familiar Sistêmica. Terapia EMDR. 65 999821308. Instagram:sanineves.psicologa
