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Economia Domingo, 06 de Outubro de 2024, 07:13 - A | A

Domingo, 06 de Outubro de 2024, 07h:13 - A | A

DESIGUALDADE PROFUNDA

Mulheres de MT recebem R$ 1.054 a menos que homens, aponta relatório

Em cargos de direção e gerência, a diferença salarial entre homens e mulheres chega a 38,6%

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

As mulheres em Mato Grosso recebem, em média, R$ 1.054,14 a menos que os homens. Os dados são do 2º Relatório de Transparência Salarial, divulgado pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres. Conforme o relatório, enquanto os homens têm uma remuneração média de R$ 3.804,90 em Mato Grosso, as mulheres recebem R$ 2.750,76 - o que representa uma diferença de 27,7% nos salários médios.

O levantamento, que compila dados enviados por empresas com 100 ou mais funcionários, segue a exigência da Lei de Igualdade Salarial (Lei nº 14.611/2023), que busca a equiparação entre os gêneros em cargos equivalentes. Mesmo com essa legislação em vigor, as disparidades permanecem significativas em Mato Grosso, variando conforme o tipo de ocupação. Em cargos de direção e gerência, por exemplo, a diferença salarial chega a 38,6%. Conforme o MTE, 840 empresas mato-grossenses contribuíram para a elaboração do relatório.

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A diretora de Programa do MTE, Luciana Nakamura, lembra que a igualdade salarial está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde 1943, mas não é cumprida pelas empresas.

“Queremos que as empresas olhem para as desigualdades salariais dentro do ambiente de trabalho, e, assim, possam promover a igualdade entre homens e mulheres. Por isso, a publicação do relatório é importante, porque vai revelar a desigualdade dentro daquele estabelecimento”, afirma.

Além da diferença de gênero, o relatório também mostra disparidades raciais. Mulheres negras em Mato Grosso recebem, em média, 22% a menos que as não negras. Já entre os homens, a diferença entre negros e não negros cai para 17,7%.

O documento também registrou que 55,2% das empresas mato-grossenses possuem planos de cargos e salários; 27% têm políticas de incentivo à contratação de mulheres; 34,1% adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência e 17,2% adotam incentivos para contratação de mulheres negras. Porém, apenas 12,3% das empresas têm políticas de incentivo à contratação de mulheres LGBTQIAP+.

NÍVEL NACIONAL

No Brasil, as mulheres ganham 20,7% a menos do que os homens, de acordo com o 2º Relatório de Transparência Salarial. No total, 50.692 empresas responderam ao questionário – quase 100% do universo de companhias com 100 ou mais funcionários no Brasil. A diferença de remuneração entre homens e mulheres varia de acordo com o grande grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, chega a 27%.

No recorte por raça, o relatório aponta que as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho, recebem menos do que as mulheres brancas. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 2.745,76, a da não negra é de R$ 4.249,71, diferença de 54,7%. No caso dos homens, os negros recebem em média R$ 3.493,59 e os não negros, R$ 5.464,29, o equivalente a 56,4%.

O relatório registrou que, em todo o país, 55,5% das empresas possuem planos de cargos e salários, políticas de incentivos às mulheres; 38,8% adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência; 35,3% têm políticas de apoio à contratação de mulheres; e 27,9% adotam incentivos para contratação de mulheres negras.

Apenas 21,5% possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres LGBTQIAP+, 24,3% incentivam o ingresso de mulheres com deficiência, e apenas 5,5% têm programas específicos de incentivo à contratação de mulheres vítimas de violência. Poucas empresas ainda adotam políticas como flexibilização de regime de trabalho, como licença maternidade/paternidade estendida (20%) e auxílio-creche (22,9%).

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