O verde das árvores, o canto dos pássaros e o ar puro da mata são atrativos indispensáveis para quem busca desligar a mente da vida agitada das grandes metrópoles. Entre o público, estrangeiros e, recentemente, os próprios brasileiros têm buscado refúgios para se conectar mais à natureza. Essa busca concedeu a Mato Grosso destaque no levantamento Ecoar, feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com o apoio do Ministério do Turismo. O estado conta com 85,9% de empresas atuando no ecoturismo.
O Turismo de Natureza e o Ecoturismo já apresentam 60% do faturamento do setor, sendo oferecidos por mais da metade das empresas da indústria de viagens. Em Mato Grosso, destinos como Chapada dos Guimarães, Pantanal e Nobres se destacam por suas belezas exuberantes. Na pesquisa, o estado lidera o topo, seguido por Mato Grosso do Sul (83% das empresas do estado atuando com ecoturismo) e, na sequência, o Rio de Janeiro, com 54,9% das empresas voltadas para o segmento. Confira catálogo de roteiros turísticos do estado
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"Nós ouvimos cerca de 3,2 mil empresários do segmento, que em Mato Grosso é composto por pequenos negócios (96%), então estar em primeiro lugar só ressalta que de fato temos foco no ecoturismo. E isso é muito importante porque também nos dá um alerta da necessidade de cuidar dos biomas, já que é nosso carro-chefe. Por isso o Sebrae-MT desempenha um trabalho de levar o turismo ao eixo da sustentabilidade", ressalta Marisbeth Gonçalves, gestora de Turismo do Sebrae/MT, em entrevista ao Estadão Mato Grosso.
Em janeiro deste ano, o Ministério do Turismo também divulgou uma pesquisa sobre as tendências para o turismo de 2024, apontando o Turismo de Natureza/Ecoturismo como o segundo mais procurado, com 27% da preferência dos entrevistados, atrás apenas do Turismo de Sol e Praia, favorito por 59% dos entrevistados.
"Nós temos acompanhado a retomada (pós-pandemia) e observamos, desde o ano passado, quando o Sebrae-MT junto com a Embratur, teve a oportunidade de divulgar o Estado em cinco países da Europa, que as pousadas receberam muitos franceses. Essas ações trazem reações. O europeu gosta muito do ecoturismo, mas o brasileiro está aprendendo a gostar. A pandemia mudou muita coisa, principalmente o valor do contato com a natureza", avalia Marisbeth.
Para ela, o fato da covid-19 exigir que fizéssemos lockdown, despertou certos instintos depois que as pessoas puderam voltar para o contato com o meio ambiente. "Isso [estar no meio ambiente] fortaleceu e continua. Recentemente realizamos uma pesquisa sobre o carnaval e a maioria dos entrevistados disse que queria descansar e percebemos a mudança de comportamento. Alguns documentos já sinalizam que o turismo sustentável, de natureza, traz experiências, vivências típicas de determinadas regiões e é isso que os turistas buscam atualmente", pontua.
A pesquisa citada por Marisbeth aponta que 95% dos mato-grossenses planejavam passar o feriado de Carnaval descansando. A pesquisa contou com 990 respondentes de vários municípios de Mato Grosso e utilizou a metodologia quantitativa, com entrevistas via telefone, realizada entre os dias 26/12/2023 e 22/01/2024. A margem de confiança da pesquisa é de 95%, sendo 5% de erro.
Arrecadação aumentou
Dados do Observatório do Turismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), realizado com base nas informações da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), Secretarias Municipais de Finanças e de Turismo, apontam que o turismo arrecadou no ano passado R$ 91,7 milhões em Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e R$ 41,5 milhões em ISSQN - impostos municipais.
O montante revela a evolução do segmento no Estado. Em relação a 2022, o aumento com o ICMS foi de 25,1% e do ISSQN, de 39%. Também houve aumento de 8,67% na quantidade de empresas regularizadas no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), em comparação com o ano anterior. A medida contribui para a legalização e ordenamento da cadeia do turismo no Estado, gerando dados e informações sobre a oferta de serviços para o turismo do Estado.
“No período de um ano, passamos de 2.018 empresas cadastradas para 2.193, isso significa que os prestadores estão buscando trabalhar de forma regularizada e isso traz impactos financeiros positivos”, afirmou Leandro Lima, turismólogo e analista da Secretaria Adjunta de Turismo.
Os dados consideram as seguintes atividades características do turismo: agências e operadoras, aluguel de transportes, atividades culturais, atividades desportivas e recreativas, organizadoras de eventos, serviços de alojamento, transporte aquaviário, transporte aéreo e transporte terrestres. Em 2022, os mesmos segmentos arrecadaram R$ 73,3 milhões em impostos.
O serviço de alimentação foi responsável por 62,6% dos impostos arrecadados, movimentando R$ 57,45 milhões, seguido por transporte terrestres com 29,7% (R$ 27,9 milhões) e serviços de alojamento com 4,7% (R$ 4,28 milhões).
Em relação ao ISSQN, dos 74 municípios que compõem o Mapa do Turismo de Mato Grosso, 54 responderam aos questionamentos da Secretaria Adjunta de Turismo da Sedec. Juntos, eles movimentaram na economia dessas cidades em torno de R$ 1,5 bilhão em 2023, gerando cerca de R$ 41,5 milhões em arrecadação de ISSQN, imposto este que varia entre 2% e 5% sobre o serviço prestado. Em 2022, as nove atividades características do turismo movimentaram R$ 867 milhões, 83% a menos. Naquele ano, foram arrecadados R$ 29,9 milhões com o ISSQN.
Destaque internacional
Caio Gimenez | Reprodução
Atuando no setor há 27 anos, Raquel Zanchet, publicitária e fundadora da pousada Jardim da Amazônia, localizada em São José do Rio Claro, é destaque no setor de turismo com destaque internacional como um dos melhores destinos do Brasil. A pousada atua no ramo de ‘Birdwatching’, mais conhecido como observação de aves, um turismo de natureza muito apreciado por turistas internacionais. No ranking da avaliação, a empresa ficou em 4º melhor do Brasil e o 2º melhor de Mato Grosso para essa atividade.
Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, ela confirmou as pesquisas e dados divulgados. "O Brasil está no holofote [do turismo] para o europeu, americano, alemães. Desde 2021, aos poucos, a gente vê o mercado internacional voltando [para o turismo] e as pessoas voltaram a se dedicar mais para vivenciar experiências na natureza", disse.
Nesse ano, a empresária participou da maior feira de turismo da Alemanha, a Feira Internacional de Berlim (ITB) junto com o Sebrae e a Embratur. Segundo ela, a oportunidade é importante já que é uma feira muito respeitada, com mais de 170 países. "Nós estivemos lá com o stand Pantanal Explore, com visitação ampla. É uma feira muito respeitada na Europa e o Brasil foi o foco. Além de receber turistas internacionais, o próprio relacionamento interno com a Embratur, consegue fortalecer os negócios nacionais", destacou.
A Pousada Jardim da Amazônia foi fundada em 1997 e estabeleceu parcerias com Operadoras de Turismo de relevância nacional e internacional. Junto dos pais Almor e Carmelita Zanchet, Raquel explica que desde 2023, o foco está direcionado ao turismo técnico-científico e à observação de primatas, com a parceria do Instituto Ecótono e da UFMT [Universidade Federal de Mato Grosso], com o Grupo de Pesquisas em Ecologia Aplicada [GECAS], que pesquisam diversas espécies nesta área de transição Amazônia-Cerrado.
"Esse projeto inclui a implantação de uma Estação de Pesquisas, que subsidiam informações com base cientifica e estratégias para conservação. A Pousada Jardim da Amazônia se tornou uma base para estudos científicos, que recebe alunos do mundo todo", destacou.
