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Economia Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2020, 09:07 - A | A

Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2020, 09h:07 - A | A

FRETE MAIS CARO

Madeireiros vão à Justiça contra restrição de carga

Para atender à regra, os motoristas que transportam cargas maiores em caminhões bitrem são obrigados a fazer duas viagens pelo trecho

Priscilla Silva

Desde o dia 9 de janeiro os caminhoneiros que trafegam na BR-174 entre Castanheira e Colniza tentam se adequar a uma nova realidade: os veículos carregados com mais de 48,5 toneladas estão proibidos de trafegar pelo segmento de 272 quilômetros (km). Para atender à regra, os motoristas que transportam cargas maiores em caminhões bitrem são obrigados a fazer duas viagens pelo trecho, que não é pavimentado e possui dezenas de pontes de madeira.

A nova dinâmica de transportes de carga entre os dois municípios impõe quase 540 km a mais no percurso e gera aumento de custos para os produtores locais. Isso acontece porque, ao chegar no trecho com restrição, os motoristas de caminhões de nove eixos precisam dividir a carga em duas viagens para atender à limitação de carga. Assim, enquanto ele leva um dos reboques, o outro fica estacionado em uma cidade vizinha para a segunda viagem.

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“A empresa que carregava de quatro a cinco viagens por mês agora só carrega duas. Por isso o frete já teve um aumento de 30% no valor do preço, pois a distância e a estrada ruim dificultam achar pessoas dispostas para fazer esse transporte”, explica Paulo Veronese, presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno).

Antes da restrição, os produtores estavam acostumados a contratar veículos de nove eixos, capazes de transportar até 74 toneladas de produtos em seus dois semirreboques.

A proibição de tráfego de veículos acima de 48,5 toneladas dificultou a rotina dos criadores de gado e madeireiros locais. Para reverter a situação, um grupo ingressou com ação na Justiça Federal, na última segunda-feira (17). O pedido foi protocolado em nome do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF) e o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem).

“No local temos uma balança que controla o limite de carga. Nós pedimos apenas a revogação da restrição do Dnit, mas que seja mantida a balança, para evitar abusos. A ação é no sentido de sensibilizar o juiz para a nossa situação, pois a proibição inviabiliza toda a região e traz prejuízos para todos”, defende Paulo.

Procurado, o Dnit disse por meio da sua assessoria que “não irá se pronunciar sobre o assunto neste momento. O órgão federal irá aguardar a manifestação da Justiça”.

Por que o Dnit limitou o peso para rodar na BR-174?

A falta de infraestrutura no trecho entre Castanheira e Colniza motivou a imposição de limite de carga pelo Dnit. Na determinação, a autarquia levou em consideração dois pontos: ocorrência de chuvas intensas entre o fim de 2019 e início deste ano e o intenso tráfego de veículos pesados na região.

O excesso de chuvas na região causou estragos estruturais nas pontes de madeiras da rodovia federal 174, em especial aquela sobre o rio Vermelho, localizada na altura do km 850, onde o nível d´água atingiu cerca de 1,5 m acima do nível da ponte. Entretanto, a qualidade da estrutura é alvo de críticas dos produtores locais.

“Existe uma empresa fazendo a recuperação do trecho, mas o grande problema é que a anterior fez as pontes com baixa qualidade, que começaram a quebrar. Por isso o Dnit teve essa atitude, enquanto a nova empresa refaz o trabalho de recuperação”, conta Paulo Veronese.

BALANÇA - No dia 13 de janeiro a balança foi instalada no município de Castanheira. Depois de uma semana de “testes”, todos os veículos, independente da sua classificação, que ultrapassarem o peso de 48,5 toneladas passaram a ser notificados por desobediência da portaria e posteriormente multados. O Dnit está atuando em conjunto com a PRF e sem previsão de término.

SONHO TRAVADO - Quem vive na região aguarda a realização das obras de pavimentação nos 272 km entre os municípios de Castanheira e Colniza. O projeto integra um termo de compromisso firmado entre a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) e o Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit). O traçado passa perto de uma reserva indígena. Por isso, a execução do projeto aguarda a aprovação do licenciamento ambiental, que depende da concessão do Componente Indígena.

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