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Economia Segunda-feira, 02 de Setembro de 2024, 07:19 - A | A

Segunda-feira, 02 de Setembro de 2024, 07h:19 - A | A

FINANCIANDO A EXTINÇÃO

Bancos concederam R$ 68 mi em crédito rural a áreas embargadas por queimadas

Assessoria de Imprensa

Um levantamento inédito do Greenpeace Brasil divulgado nesta quarta mostra que bancos públicos e privados têm emprestado recursos financeiros, como o crédito rural, para produtores rurais envolvidos com desmatamento e queimadas criminosas. O documento identificou que de 2.261 imóveis rurais com algum tipo de embargo ambiental que obtiveram crédito rural nos últimos seis anos, 133 deles estavam embargados por causa do uso do fogo, especificamente. Juntos, esses imóveis embargados por causa de fogo conseguiram R$ 68.276.530,51 em crédito. A maioria deles (122 imóveis) estão localizados na Amazônia e o restante (11 imóveis) está no Cerrado. 

Dos imóveis rurais envolvidos com o uso ilegal do fogo, o levantamento também identificou que:

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- 85,5% das operações de crédito foram emitidas APÓS o registro de embargo por uso ilegal de fogo; ou seja,  o embargo por uso ilegal do fogo não tem impedido que bancos concedam empréstimos;
- 14,5%  das operações de crédito foram emitidas ANTES do registro de embargo por uso ilegal de fogo.
- 116 dos 122 imóveis rurais financiados e com embargo por uso ilegal de fogo na Amazônia queimaram pelo menos uma vez em 6 anos. Juntos, eles somam uma área queimada equivalente a 1,8X o tamanho de Paris.
- 7 dos 11 imóveis rurais financiados e com embargo por uso ilegal de fogo no Cerrado queimaram pelo menos uma vez em 6 anos.

Outro problema identifcado no levantamento é a impunidade dos infratores ambientais: apenas 0,1% das multas ambientais associadas ao uso ilegal de fogo nas propriedades mapeadas no estudo foram quitadas. Ou seja, de mais de R$ 57 milhões (R$ 57.807.654,00) em multas aplicadas, apenas cerca de R$ 95 mil (R$ 95.835,50) foram pagos.

“Enquanto o Brasil está em chamas e sob fumaça, os bancos seguem financiando o agro destruidor, que utiliza o fogo ilegalmente. Pautados pela recorrência do uso do fogo e pela impunidade, esses infratores ambientais acumulam milhões de reais em multas, quase nunca pagas”, alerta a coordenadora de Florestas do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti “Se as pessoas comuns que tentam obter financiamento no banco para comprar uma casa, por exemplo, passam por uma extensiva análise, por que fazendeiros que incendeiam suas áreas e contribuem com a emergência climática não passam por essa análise?”, completa. 

Cerca de 80% dos recursos identificados foram aplicados na Amazônia e 20% no Cerrado. A maior parte dos recursos foi direcionada para aquisição ou manutenção de bovinos.

Os bancos que concederam crédito a essas áreas são: Banco do Brasil, com 266 operações; Banco da Amazônia, 61; Banco do Nordeste, 6; e Bradesco, 1. Cooperativas de crédito também aparecem no levantamento, com 19 operações. 

Demandas ao sistema financeiro

A porta-voz do Greenpeace Brasil afirma que, ao fecharem os olhos diante de irregularidades socioambientais na hora de conceder financiamentos como o crédito rural, os bancos se tornam parte do problema e assumem um papel importante no financiamento das atividades que destroem a natureza, mas isso tem que mudar.

“Em um mundo onde os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais frequentes, é urgente que os bancos parem de financiar quem desmata, faz uso ilegal do fogo e carrega infrações ambientais em seu nome. No Brasil, o desmatamento e as queimadas são responsáveis por 58% das emissões de gases que aquecem o planeta, contribuindo assim com um clima mais instável marcado por secas severas, que por sua vez facilitam a ocorrência de grandes incêndios. O setor financeiro deve estabelecer travas para parar de alimentar esse ciclo vicioso”, diz Mazzetti.

Em abril, o Greenpeace Brasil lançou o relatório: “Bancando a Extinção: bancos e investidores como sócios no desmatamento”, que denunciou que, devido a critérios insuficientes e processos falhos para a concessão de crédito, bancos vêm direcionando milhões em recursos, todos os anos, para fazendas envolvidas com desmatamento, queimadas, grilagem e conflitos fundiários. 

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