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Economia Domingo, 24 de Dezembro de 2023, 18:00 - A | A

Domingo, 24 de Dezembro de 2023, 18h:00 - A | A

OURO BRANCO

Após quebra da soja, safra de algodão em Mato Grosso deve bater recordes

Área destinada ao plantio da pluma deve crescer 12,6% em relação à safra anterior, enquanto a produção deve ser apenas 2,9% superior

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

Mato Grosso deve registrar uma série de novos recordes na safra de algodão na temporada 2023/24. Segundo estimativas do Instituo Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea), a área destinada ao plantio de algodão deve crescer 12,6% em relação à safra anterior, alcançando 1,35 milhões de hectares. Por outro lado, é esperada uma queda na produtividade da pluma, o que deve fazer com que a produção total cresça apenas 2,9%.

Segundo o Imea, os produtores de Mato Grosso estão optando por aumentar as áreas destinadas ao algodão devido à queda na rentabilidade do milho, que atingiu um patamar negativo. Além disso, o clima quente e seco causou perdas severas na plantação de soja, com a necessidade de replantio em algumas áreas. Porém, muitos produtores estão optando por não ressemear e decidiram partir diretamente para o plantio do algodão.

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“O cenário de incremento é pautado pelo aumento na competitividade do algodão em relação ao milho, visto que a margem da rentabilidade dos produtores do cereal está negativa. Além disso, devido ao clima seco e quente, alguns produtores que possuem o algodão como alternativa de segunda safra podem deixar de ressemear a soja e destinar as áreas para o algodão”, diz o relatório.

Acontece que o mesmo problema climático que aflige a produção de soja também ameaça a safra de algodão. Segundo o Imea, o clima quente e seco provocado pelo fenômeno El Niño deve derrubar o rendimento do algodão. As projeções indicam que a produtividade deve alcançar 284,35 arrobas por hectare (@/ha), índice 8,61% menor do que o registrado na safra 2022/23, quando a produtividade atingiu 311,34 @/ha.

“Apesar disso, a estimativa da produção do algodão em caroço supera a safra 22/23, totalizando 5,78 milhões de t”, destacam os técnicos do Imea.

Se por um lado o aumento da produção é positivo, por outro lado existe a possibilidade de uma queda ainda maior nos preços da pluma. Os produtores de algodão já vivenciaram esse problema na temporada 2022/23, que foi marcada pelo recuo nos preços devido à queda na demanda mundial pela pluma.

O Imea aponta que o indicador referente ao preço da pluma registrou queda de 35,09% em comparação com 2022, atingindo R$ 135,28 por arroba, devido ao enfraquecimento da demanda mundial e à maior oferta da fibra no estado. Isso também resultou na queda da comercialização da pluma para o menor nível dos últimos 5 anos. Em novembro de 2023, apenas 79,36% da safra 2022/23 havia sido comercializada, um atraso de 6,05 pontos percentuais (p.p.) em relação à safra anterior e de mais de 9 p.p. em relação à média dos últimos 5 anos.

Porém, o Imea projeta que haverá uma recuperação na demanda global por algodão em 2024, o que pode ajudar a impulsionar as vendas e melhorar as cotações da pluma.

“Cabe destacar que com o cenário de aumento na oferta do algodão e menor consumo mundial, os preços futuros foram pressionados durante o ano. Por fim, para o ano de 2024, espera-se uma recuperação na demanda global pela fibra, o que pode impulsionar as vendas de pluma de MT e dar suporte para os preços”, conclui o relatório.

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