A enxurrada de mensagens no WhatsApp em tom de convocação não foi o suficiente para comerciantes de Cuiabá fecharem suas portas nesta segunda-feira, 7 de novembro. Manifestantes antidemocráticos chegaram à capital no sábado (5) e conclamaram empresários locais a fecharem seus estabelecimentos em apoio aos manifestos golpistas.
Nesta manhã, a imprensa chegou a noticiar que o movimento foi aderido por cerca de 70% dos comércios. Contudo, não foi o que se viu ao percorrer as ruas de Cuiabá. Na maior parte, os estabelecimentos seguem em pleno funcionamento.
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A maior incidência de estabelecimentos fechados encontrados pela reportagem do jornal Estadão Mato Grosso está na Rua Cândido Mariano, a “Rua das Óticas”. Por lá, a reportagem encontrou três estabelecimentos fechados, mas nenhum deles continha cartaz explicando o fechamento como alusivo ao movimento.
Os protestos são articulados e mantidos por bolsonaristas, que não aceitam a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não conseguiu se reeleger no segundo turno das eleições no dia 30 de outubro.
Desde o resultado das urnas, que sagrou a volta do ex-presidente Lula (PT) ao Poder a partir de 2023, os derrotados têm tentado instalar o caos no país, com fechamento de rodovias e pedidos de golpe de Estado.
Os impactos devem ser sentidos por meses, inclusive com o encarecimento de produtos, segundo economistas. Para esta segunda, os protestantes esperavam colocar em prática uma “greve geral” na capital do agronegócio.
Contudo, o movimento já nasceu morto entre os próprios bolsonaristas. Um exemplo prático disso é a rede de lojas Havan, cujo dono é um dos principais apoiadores do presidente. O empresário Luciano Hang, o “Véio da Havan”, não aderiu ao movimento paredista e manteve suas lojas abertas nesta segunda.
Ironicamente, os participantes que pedem o fechamento do comércio em apoio ao movimento são os mesmos que criticaram veementemente o lockdown, durante os momentos mais críticos da pandemia de covid-19. À época, os negacionistas afirmavam que era um erro fechar o comércio para evitar a disseminação do novo coronavírus, pois, quem não morresse pela doença, acabaria por morrer de fome.
O movimento de agora coincide com um momento de crise econômica à porta, em um mês com dois feriados nacionais e um regional. O mês de novembro ainda conta com a primeira parcela do décimo terceiro e a realização da Black Friday, que movimenta o comércio.
LIBERDADE
A reportagem procurou a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-MT) em busca de um posicionamento do colegiado de empresários. A entidade emitiu nota que, em suma, agrada a “gregos e troianos”.
A FCDL afirmou que é direito de cada cidadão protestar da forma como achar conveniente, de acordo com sua posição política e que isso deve ser feito como pessoa individual, nunca em nome da instituição. A organização ainda afirma que permanecerá defendendo a manutenção da democracia e da liberdade de expressão.
VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCLD/MT), vem por meio desta nota manifestar que é totalmente apartidária e que sua luta ao longo da sua história sempre foi pautada em ações que contribuam com o fomento do comércio e do setor produtivo mato-grossense e que sempre buscou contribuir com a economia do Estado, garantindo emprego e renda para os cidadãos.
Em relação aos movimentos pós-eleição que vem ocorrendo, mobilizando grande parte da população, bem como empresários, a entidade afirma que é de direito de cada um protestar da forma que achar conveniente, conforme a sua escolha política, a qual é totalmente respeitada por essa instituição, contudo, a sua manifestação deve ser feita através do seu CPF e enquanto empresário, já que o próprio estatuto da entidade não permite qualquer tipo de posicionamento nesse sentido.
Para concluir, reafirmamos que o nosso compromisso é com cada empresário por nós representado, além disso, nos comprometemos a continuar lutando em defesa da manutenção da democracia e da liberdade de expressão, importante conquista do povo brasileiro, garantida, inclusive, através da Constituição Federal.
Desta forma, a Federação das CDLs de Mato Grosso continua a se posiciona a favor do Brasil e do seu povo.
Juntos continuaremos a ser fortes!!!
David Pintor
Presidente da FCDL Mato Grosso e CDL de Várzea Grande