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Cidades Quarta-feira, 07 de Julho de 2021, 07:00 - A | A

Quarta-feira, 07 de Julho de 2021, 07h:00 - A | A

SEM VACINA, SEM RETORNO

Lentidão na imunização e "cabo de guerra" entre governo e professores deixam alunos sem aulas presenciais

Mak Lucia

Repórter | Estadão Mato Grosso

O retorno das aulas presenciais na rede pública estadual ainda deve dar muito ‘pano para manga’, já que opõe o governo e os profissionais da educação. Neste ‘cabo de guerra’ há ainda um ‘tempero especial’ dado por uma extensa página de previsões, impasses, acordos e desacordos, troca de farpas, falta de estrutura para receber alunos e ‘sommeliers de vacina’ (quem escolhe a marca da vacina).

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Suspensas desde março do ano passado por causa da pandemia do novo coronavírus, as aulas presenciais nas escolas tinham previsão para retomada em junho deste ano. Com o aumento de novos casos de covid-19, o risco de contágio por novas cepas e o colapso da rede pública de saúde, o retorno foi novamente adiado.

A nova previsão: agosto de 2021. Só que a situação mudou completamente no dia 30 de julho, quando a Assembleia Legislativa derrubou o veto do governo ao projeto que condicionava o retorno das aulas na rede estadual à imunização completa dos profissionais. Com isso, as aulas presenciais no estado só poderão retornar quando 100% dos profissionais estiverem imunizados, com as duas doses.

Um novo e preocupante capítulo foi adicionado a esta novela. No último final de semana, 3 e 4 de julho, durante reunião do Conselho de Representantes do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), os profissionais decidiram não retomar as aulas presenciais até que todos sejam vacinados contra a covid-19, incluindo alunos, defendendo assim a manutenção das aulas no sistema remoto.

“O home office permanecerá até que os governos garantam a imunização, bem como as condições para a presença nas escolas”, destacou Valdeir Pereira, presidente do Sintep-MT.

O Sindicato ainda afirmou que a atividade remota presencial nas escolas, quando os professores precisam ir até as escolas para dar as aulas online, determinada pela portaria nº 399/2021, é uma medida arbitrária por parte do governador Mauro Mendes (DEM).

"As aulas podem ser efetivadas da mesma forma na escola ou na residência dos professores. Diante das ameaças do governo de cortar ponto dos profissionais que não comparecerem às unidades, a categoria afirma que fará enfrentamento judicial", informou.

Mato Grosso já registrou 30 óbitos de profissionais da educação da rede estadual de ensino. Esse é um dos argumentos usados pelo Sintep para defender a manutenção das aulas remotas, com objetivo de "combater aglomerações, como é o caso das escolas públicas. É uma forma de amenizar os riscos à saúde coletiva".

Edna Maria*, professora da rede estadual de educação e sindicalizada, disse que o retorno das aulas é uma faca de dois gumes. "Querendo ou não, o ensino remoto não ajuda muito. Então eu entendo o governo, quando diz que quer retornar as aulas, porém o medo da categoria também é compreensível", disse.

"É uma visão minha, não sei se outros professores pensam como eu", comentou a professora, ao afirmar que também é mãe e entende a pressão que a Educação vem sofrendo. "Tento entender o lado dos professores, pois sei e imagino o quanto tem sido difícil", lamentou.

Desde o mês de maio, o sindicato dos profissionais da Educação tem se mobilizado e anunciado que, caso não haja um acordo por parte do governo, uma greve deve ser deflagrada pela categoria.

Outro lado

Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc-MT), que não se pronunciou sobre a retomada das aulas até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.

*Nome fictício, para proteger a identidade da personagem
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