Direito garantido pela Constituição Federal, assistido a todos pelos Direitos Humanos e vital para a manutenção da vida, a água é um recurso essencial não só para a sobrevivência, como também pelo bem-estar da sociedade. Ao menos é nisso que deveria se basear a política da concessionária da Águas Cuiabá, responsável pelo abastecimento na capital. Um dos lugares que sofre com desabastecimento constante é o Pico do Amor, um bairro tradicional e próximo da região central da capital e que os moradores não sabem quando terão dias com água e até semanas de torneiras secas.
O morador Renan Souza Camiran, em entrevista ao Estadão Mato Grosso nesta terça-feira (10), relatou que enfrenta problemas causados pelo desabastecimento no bairro há quase três anos, desde 2022. Renan, que é autônomo, explicou que já sofreu diversos problemas causados pela falta de água, desde o cancelamento de clientes até doenças de pele.
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“Meu gato teve infecção de pele e eu precisava higienizar o local, o gato etc. Como a água estava precária acabei contraindo alguma infecção de pele dele sim”, relatou.
Renan, que participou como testemunha nas oitivas da CPI da Águas Cuiabá, em 2022, afirmou que o problema, atualmente, não é tão grave como no começo, mas é persistente e, apesar dos comunicados da concessionária afirmarem que algo está sendo feito, o morador disse que nunca viu nenhum agente da concessionária indo ao bairro para realizar algum serviço que possa resolver a falta de água no bairro.
“O problema ainda não está tão grave como em 2022 que foi a crise hídrica, no entanto, estamos num cenário que já se repete... desde 2021 todo fim do ano inicia a falta dágua e se agrava no natal. E ano novo, se estendendo até março. Por ventura já tivemos a primeira falta d’água em dezembro.”, afirmou.
Sem água, os moradores precisam contar com o abastecimento de caminhões-pipas, o que é outra novela, com os caminhões demorando até três dias para chegar e indo embora do bairro sem sequer começar o abastecimento.
“O caminhão pipa é um recurso dificílimo de conseguir, em média leva-se de 3 a 4 dias após a primeira reclamação para o caminhão-pipa ir até o local. Então eles encerram o chamado alegando que a pessoa não está em casa sem nem ao menos chamar, ou ligar ou agendar abastecimento”, relatou.
Vídeos encaminhados à reportagem do Estadão Mato Grosso mostram o caminhão-pipa chegando e indo embora sem encher a caixa d’água dos moradores.
“O caminhão-pipa não atende a moradia se o morador não tiver em casa. Quem trabalha com CLT ou precisa se ausentar tem que se virar. Um caminhão-pipa pago no particular é em média R$ 300,00 pra uma caixa d’água que dura entre 1 e 3 dias. Se o morador não está em casa, o caminhão encerra a OS e você retorna para o início da fila. Eu mesmo, por sem profissional autônomo, já tive que cancelar inúmeros compromissos com clientes para aguardar o caminhão pipa que raramente, muito raramente, mesmo, chega”, declarou.