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Cidades Sexta-feira, 08 de Março de 2024, 18:11 - A | A

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ESPECIAL DIA DAS MULHERES

De detenta a atriz, uma história de superação e vitória

Bruna Cardoso

Repórter | Estadão Mato Grosso

Igor Guilherme

Repórter | Estadão Mato Grosso

Para muitos, enfrentar o encarceramento pode parecer o fim de todas as esperanças e o começo de uma jornada árdua rumo à reinserção na sociedade. O desafio da ressocialização é uma realidade para aqueles que, após passarem meses ou até anos na prisão, buscam reconstruir suas vidas ao recuperar a liberdade. Esse processo torna-se ainda mais complexo no caso das mulheres, que frequentemente retornam à sociedade em condições desafiadoras, tendo que reconstruir suas vidas praticamente do zero.

A reportagem do Estadão Mato Grosso, conversou neste especial do Dia das Mulheres, com Cleo Oliveira, de 31 anos, natural de Ji-Paraná, Rondônia, que em 2010 se mudou para Cuiabá para viver com seu pai. Mas a vida dela mudou quando acabou presa.

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Em 2016, Cleo iniciou um relacionamento com um rapaz. Dois anos mais tarde, em 2018, durante uma operação policial contra tráfico de drogas, Cleo e seu namorado, junto com alguns amigos, foram presos.

"Fui detida com meu ex-parceiro, apesar dele assumir toda a responsabilidade pela droga. Recebi uma sentença de 6 anos de reclusão e cumpri 2 anos na Penitenciária Ana Maria do Couto May", conta ao Estadão Mato Grosso.

Para ela, os anos na prisão foram extremamente difíceis. "Passei por momentos difíceis lá dentro, enfrentei desrespeito, desvalorização e preconceito. A comida era horrível (e continua a mesma) porque é assim que o sistema nos trata, nos humilha e nos transforma em animais”, recorda-se.

No entanto, Cleo encontrou alguma redenção através do trabalho dentro da penitenciária, além é claro, de boas amizades. “Trabalhei tanto dentro quanto fora da prisão para reduzir minha pena e sair mais cedo. Fiz amizades que agora considero minha família e que levarei para o resto da vida. Transformei meu sofrimento em oportunidades", declara.

Fora da prisão, Cleo recebeu apoio vital de seu pai, que a visitava todos os domingos.

O CAMINHO DOS PALCOS

Apesar dos desafios, foi dentro da Penitenciária Ana Maria do Couto May que Cleo encontrou uma nova perspectiva de vida. Graças ao Cena Onze, um projeto de ressocialização que oferece cursos de teatro e dança para detentas, ela se redescobriu.

"Foi a partir desse projeto que redescobri a mulher que existia dentro de mim, e eu já sabia o que queria fazer quando saísse dali. Queria ser atriz."

Hoje, anos após ganhar sua liberdade, Cleo estabeleceu uma carreira como atriz no Cena Onze, formando-se em tecnologia teatral pela MT Escola de Teatro da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e tornando-se também professora de teatro.

"Se não tivesse tido a oportunidade de participar do projeto de ressocialização oferecido pelo Cena Onze na Penitenciária Ana Maria do Couto May, eu não estaria onde estou hoje. Antes de conhecer o teatro, não tinha expectativas de vida. Quando o teatro chegou, deu sentido à minha existência, porque me encontrei profissional e pessoalmente”. 

Segundo ela, foi através do teatro que ela se conectou com sua essência e descobriu ser uma mulher capaz, talentosa e determinada. “Sem o teatro, com certeza teria voltado ao mundo do crime", afirmou.

Cleo participou de várias produções da Companhia Cena Onze, incluindo "Bereu" nos anos de 2020/2021/2022/2023, "Mulheres da Terra" em 2023, "Performance Nossa Senhora do Pantanal" em 2021/2022/2023, "Fragmento 4:48 MT Escola de Teatro" em 2022, e "Leitura dramatizada A Ducha Um intruso no Reino Pelve" em 2023.

 

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Reprodução

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