Quatorze cidades do Amapá estão há mais de 60 horas sem energia elétrica. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o apagão foi causado por um problema que, além do desligamento automático nas linhas de transmissão Laranjal/Macapá, causou um incêndio em um transformador da subestação da capital, Macapá.
O fornecimento de energia elétrica foi interrompido por volta das 21h de terça-feira (3). De acordo com a ONS, o transformador que pegou fogo pertence à empresa concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), controlada pela espanhola Isolux, e foi totalmente destruído. Como outros dois equipamentos também foram danificados, não houve possibilidade de reaproveitamento das peças para religamento da subestação.
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Comitiva
Na quarta-feira a noite, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANS), André Pepitone, e o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, foram ao estado acompanhar de perto a situação. Após se reunir com técnicos e com o governador Waldez Góes, a comitiva ministerial passou a noite em Macapá a fim de visitar a LMTE na manhã seguinte.
Ontem, após inspecionar a subestação destruída pelo fogo e sobrevoar a região, Albuquerque declarou que o pleno restabelecimento do serviço energético deve demorar cerca de 30 dias. Segundo o ministro, entre as medidas em estudo está o transporte de dois transformadores para substituir os equipamentos danificados. Um dos transformadores chegaria ao Amapá dentro de 15 dias; o outro, em até 30 dias.
“Estamos adotando outras ações para trazer geradores para o estado do Amapá, a fim de servirem como segurança ao fornecimento de energia. E também para atender locais especiais naquilo que for priorizado pelo estado”, acrescentou Albuquerque, lembrando que a pasta criou um gabinete de crise para avaliar as medidas adotadas. Além de técnicos da pasta, da ONS e da ANS, participam das discussões membros da Aneel, da Eletrobras e da LMTE. Além disso, a Casa Civil realizou, nesta quinta-feira, uma reunião emergencial da qual participaram representantes de vários ministérios.
Em nota divulgada hoje (6), o Ministério de Minas e Energia informou que um avião C-130 Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), chegaria no início desta tarde a São Luis, no Maranhão, onde apanhará duas máquinas de purificação de óleo que transportará para Macapá, onde uma terceira máquina do mesmo tipo chegou ontem, de balsa. De acordo com o ministério, é possível que um dos transformadores possa ser acionado ainda esta noite, o que, caso se concretize, permitirá atender a cerca de 70% das necessidades elétricas dos 14 municípios afetados.
Etapas
Segundo o governo estadual, o plano de restabelecimento do fornecimento de energia elétrica está previsto para acontecer em três etapas. Em curto prazo, a prioridade é recuperar o transformador danificado na capital. “A subestação tinha três transformadores (dois responsáveis pelo fornecimento de energia e um terceiro, reserva). Todos estão indisponíveis [até as 18h de ontem], mas um deles teve um dano menor [e está] passando por testes para poder voltar a funcionar. Caso o resultado seja positivo, cerca de 60% a 70% da carga de energia será reestabelecida nos 13 municípios afetados ainda nos próximos dias.”
A ideia para médio prazo, como dito também por Albuquerque, é levar um segundo transformador para Macapá. O equipamento de 100 MWA seria retirado da subestação de Laranjal do Jari, e chegaria à capital em 15 dias – tempo necessário para desmontar o transformador, retirar todo o óleo, transportá-lo por rio e instalá-lo. “A utilização deste equipamento não afetará o fornecimento no município [Laranjal do Jari] que fica no extremo sul”, garantiu o governo do Amapá, em nota em que explica que esta medida garantiria fornecimento integral a todo o estado.
Por fim, a solução em longo prazo inclui a instação de um terceiro transformador que, de acordo com o governo estadual, está sendo transportado de Boa Vista (RR). “O prazo para este processo é de 30 dias. Este terceiro transformador de reserva garante a segurança energética do estado.”