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Agronegócio Quarta-feira, 09 de Abril de 2025, 08:41 - A | A

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O governo precisa muito mais do agro que o contrário, diz Geller

Maiara Max

Repórter | Estadão Mato Grosso

Fernanda Leite

Repórter | Estadão Mato Grosso

O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, pontuou que a ausência de uma política agrícola robusta pode cobrar um alto preço em 2026, caso não haja mudanças significativas. Ele afirmou que o setor agropecuário precisa do apoio do governo do presidente Lula, mas, mesmo durante sua administração, o agro pode acabar sendo deixado de lado ou não receber a devida atenção nas discussões políticas. Ele sugere que o governo não tem dado a devida prioridade ao diálogo sobre as políticas agrícolas, algo que considera fundamental para o sucesso do setor.

“O agro depende da sociedade e de políticas agrícolas, sim, de políticas de incentivo do governo. Abertura de mercado, o governo está andando bem, precisa reconhecer isso. Política de crédito não tem", afirmou Geller em conversa com jornalistas na última quarta-feira, 02 de abril.

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Ele destacou que, além da falta de crédito, a articulação para fortalecer a produção de itens como ovos, cebola, alho e hortifruti é um ponto crítico. "A inflação é um pouco disso, falta uma articulação melhor para que o médio produtor possa produzir mais [...] essa política está faltando", explicou.

Neri também enfatizou que, embora o agro dependa do governo para se fortalecer, ele é ainda mais importante para a economia nacional. O setor agropecuário é essencial para o crescimento econômico do Brasil, pois é responsável por uma grande parte da produção e exportação de produtos, além de gerar muitos empregos e receitas para o país. "O agro precisa do governo, sim, mas o governo precisa muito mais do agro", pontuou.

Ele citou o exemplo de Mato Grosso, onde mais de R$ 50 bilhões estão sendo investidos em usinas de etanol, gerando empregos e movimentando a economia local e estadual. "Isso aconteceu porque há um excedente de produção de milho. Então, uma coisa tem que ser 'linkada' com a outra", disse.

Geller finalizou sua análise afirmando que, se as políticas públicas não evoluírem para acompanhar o crescimento do setor agropecuário, o Brasil pode enfrentar desafios econômicos significativos no futuro. "O agro precisa do governo e o governo precisa muito mais do agro. As coisas tem que caminhar juntas. A sociedade depende do agro por quê? Porque a grande mola propulsora da economia do Brasil é o agro”, concluiu.

Dependência

O setor agropecuário brasileiro, embora seja um dos pilares da economia, depende significativamente de políticas públicas de incentivo, como crédito agrícola, abertura de mercados internacionais, e investimentos em infraestrutura. A falta de uma política de crédito eficiente, por exemplo, tem sido um dos principais pontos críticos, especialmente para pequenos e médios produtores.

O agro brasileiro se beneficia de uma forte presença no mercado internacional, sendo um dos maiores exportadores de commodities como soja, carne bovina, milho, café e açúcar. No entanto, a relação com o governo é crucial para garantir a abertura de novos mercados, acordos comerciais e a manutenção de acordos existentes. Por exemplo, com o governo atual e anterior, a busca por novos mercados na Ásia e Europa foi uma das prioridades, especialmente no contexto de aumento das exportações agrícolas.

Embora o agro dependa do governo para o desenvolvimento de políticas que incentivem a produção, o relacionamento entre o setor e o governo nem sempre é harmonioso. A crítica ao governo, como no caso das declarações de Neri Geller, destaca a falta de diálogo efetivo em torno de políticas específicas para o setor, como a falta de uma política de crédito eficiente. Em alguns momentos, o agro sente que suas necessidades estão sendo negligenciadas nas discussões políticas, e a falta de articulação entre o governo e os produtores pode gerar insegurança.

O setor agropecuário enfrenta desafios estruturais, como a escassez de infraestrutura, questões ambientais e a necessidade de inovação tecnológica. O Brasil possui grandes áreas agrícolas, mas a logística de transporte, armazenamento e distribuição ainda é um ponto crítico que precisa de mais investimentos.

O cenário político também é marcado por tensões entre diferentes grupos e ideologias. O agro, por ser um setor com grande peso político e econômico, se torna um campo de disputa entre diferentes visões de desenvolvimento e sustentabilidade. O governo federal, especialmente durante a gestão de Lula, tem sido alvo de críticas por não focar mais nas políticas agrícolas, enquanto o setor agropecuário continua demandando mais atenção e ações estratégicas.

A crescente pressão internacional por práticas agrícolas mais sustentáveis também afeta o cenário político do agro. O Brasil enfrenta um dilema entre expandir a produção agrícola e atender às demandas globais por sustentabilidade e preservação ambiental. A questão das queimadas na Amazônia e o desmatamento, por exemplo, têm sido um ponto de atrito nas relações com outros países e organizações internacionais, que cobram mais responsabilidades ambientais do Brasil.

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