O Lollapalooza demorou nove edições no Brasil para anunciar seu primeiro show de funk, um dos gêneros mais ouvidos e mais característicos do país.
“Já tava na hora da gente invadir esse cenário dos grandes festivais. Para mim esse show é um troféu”, disse ao g1, nos bastidores da apresentação, o DJ e produtor capixaba WC no Beat. No vídeo acima, ele fala sobre a estreia do funk no evento e a reação do público.
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WC foi o responsável por comandar, no sábado (26), a apresentação inédita. No palco, astros funkeiros -- como o carioca Kevin O Chris, do hit “Tipo gin” -- se misturaram com nomes do trap, uma vertente mais arrastada do rap, que flui fácil com o batidão mais acelerado.
A performance foi uma degustação de como poderia ser o festival em um Brasil que desse mais valor à sua própria música popular. Mesmo estreante, o funk foi recebido com naturalidade pelo público.
“Encontrei uma abertura com uma nova galera, para fazer o funk e o rap serem reconhecidos por mais gente nos festivais”, avaliou WC. “É uma questão de paciência, de trabalhar devagarzinho, e podemos trazer esse pessoal para o nosso time.”
Infiltrados
Antes da participação liderada por WC, o Lollapalooza tinha uma curiosa história de funkeiros infiltrados a convite das estrelas gringas, e não do próprio evento.
Em 2016, MC Bin Laden foi ovacionado com "Tá tranquilo, tá favorável" ao lado de Skrillex e Diplo. Em 2019, o próprio Kevin O Chris transformou Interlagos num Baile da Gaiola com Post Malone.
Nos últimos anos, não só o festival paulistano, mas outros grandes eventos espalhados pelo país têm finalmente se virado para incluir o ritmo de forma oficial.
Em 2019, além de convidar Anitta para o palco principal, o Rock in Rio organizou uma apresentação da Funk Orquestra com participação de Ludmilla.
“O Brasil não valoriza nada o funk. Agora que começou a dar umas migalhas”, disse a cantora na época, minutos antes de subir no palco.
Para WC, é um movimento que tem a ver, não só com a demanda do público, mas também com uma mudança na indústria da música.
“O rap e o funk ainda são criminalizados pela cultura e pelos grandes festivais. Mas a galera vêm trabalhando. Na periferia, nascem artistas sensacionais e, a cada ano, eles vêm melhorando. Chega um ponto em que a galera diz: não dá mais, vamos ter que colocar esse pessoal nos grandes eventos”, argumentou.
“É uma questão de trabalhar, de fazer acontecer. Ainda tem muito espaço para crescer, esse é só o começo.”