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Política Quarta-feira, 05 de Outubro de 2022, 17:21 - A | A

Quarta-feira, 05 de Outubro de 2022, 17h:21 - A | A

PEDIDO DE CASSAÇÃO

VÍDEOS: "Ameniza o sofrimento, mas que ele seja preso”, diz mãe de Japão

Cátia Alves

Editora-adjunta

Rafael Machado

Repórter | Estadão Mato Grosso

“Eu não acreditava nessa Justiça [votos para cassação], mas agora, ao lado dos meus amigos e dos meus, me sinto feliz”, disse a mãe de o agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, Elia Miyagawa, após a Câmara Municipal de Cuiabá decidir nesta quarta-feira, 5 de outubro, cassar o mandato do vereador Tenente Coronel Paccola (Republicanos), indiciado por homicídio duplamente qualificado.

O parlamentar respondia ao processo de cassação proposto pela vereadora Edna Sampaio (PT). A Comissão de Ética da Câmara emitiu parecer pela cassação do mandato do vereador, que acabou perdendo o mandato com 13 votos favoráveis, cinco contrários e três abstenções.

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Ao lado dos amigos do filho, Elia comemorou a decisão e disse esperar pela Justiça dos homens, com o julgamento de Paccola pelo Tribunal de Justiça.

“Começamos a ter justiça. Espero que isso aconteça lá e que ele seja preso por 30 a 40 anos. Matar meu filho pelas costas, isso não existe. [A decisão de hoje] ameniza o sofrimento”.

Amigos de Alexandre afirmam que Paccola tentou desconstruir a imagem da vítima, ao afirmar que ele estava bêbado e que teria reagido à ordem de largar a arma.

“Ele [Alexandre] faz uma falta sem tamanho. Ele não é o que o Paccola tentou descrever hoje. Ele era um cara bom, o Alexandre é do bem. Se ele tivesse escutado ‘é polícia, coloca essa arma no chão’, ele teria colocado”, defendeu Adão Hermoza, colega de trabalho do agente socioeducativo, que estava ao lado da mãe de Alexandre após a sessão plenária.

Hermoza ainda afirma que Paccola mente ao dizer que mandou Alexandre largar a arma antes de atirar.

“Ele diz que o Alexandre não escutou e por isso atirou, que ele estava bêbado. Negativo. Ele tenta denegrir a imagem [do Alexandre] mostrando uma ficha, por que não mostra a ficha criminal dele também? É fácil denegrir aquele que não está mais aqui para se defender”, lamenta.

Jaqueline Souza, colega do agente morto, disse que acredita que a Justiça está sendo feita com a cassação do mandato de Paccola.

“A gente agradece a Deus primeiramente, pois nos apegamos muito a Ele, já que é difícil acreditar na justiça do homem. Agradecemos aos vereadores que votaram sim [pela cassação], que estiveram ao lado do povo e não com ele [Paccola]”.

O CASO

Paccola foi indiciado pelo homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, de Alexandre Miyagawa. O caso se deu na noite do da 1º de julho, no bairro Quilombo, em Cuiabá. Alexandre estava acompanhado da namorada Janaina Sá e armado.

Testemunhas disseram em depoimento que Janaina procurava confusão com populares e instigava o namorado a sacar a arma para intimidar e atirar nas pessoas. Paccola passava pela região e viu o aglomerado de gente e desceu para averiguar. Enquanto conversava com populares, ele alega ter ouvido gritos de que alguém estava armado.

O vereador, que é policial militar, afirma que tentou fazer a abordagem de Alexandre e mandou ele largar a arma. Na versão de Paccola, em vez de obedecer à ordem, a vítima teria se virado com a arma em punho.

O parlamentar afirma que, diante do risco de ser alvejado, disparou contra Alexandre, que morreu com três tiros nas costas, tendo os dois pulmões e o fígado perfurados. Paccola não foi preso porque aguardou a polícia e ele mesmo foi à delegacia para dar sua versão dos fatos. Após o inquérito, a Polícia Judiciária Civil (PJC) rechaçou a alegação de legítima defesa.

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