Espantada, é como a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), se descreve com a notícia de que pode enfrentar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) tendo o Departamento de Água e Esgoto (DAE-VG) como alvo. A investigação foi ventilada pelo vereador Caio Cordeiro, do mesmo partido da prefeita, que já mostra insatisfação com o trabalho iniciado a menos de 30 dias. Moretti conversou com a imprensa nesta manhã de segunda-feira, 27 de janeiro.
“São poderes independentes e eu não tenho como interferir nisso, mas eu fico espantada que antes, por 40 anos, não teve nenhuma CPI do DAE e eu, com pouco mais de 20 dias, quase um mês, já querem propor CPI. Então, eu fico espantada em como as coisas acontecem no ‘Reino’ de Várzea Grande”, afirmou a prefeita.
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Moretti ainda sugeriu que os vereadores tenham as gestões passadas como alvo das investigações e pediu que os parlamentares a deixem mostrar ao que veio.
O DAE é o setor responsável pelo abastecimento da cidade, principal problema do município. Separada apenas por uma ponte da capital Cuiabá, Várzea Grande vive uma realidade completamente diferente em relação ao abastecimento das casas.
Há décadas, o povo várzea-grandense sofre com as torneiras secas por vários dias. Por lá, o consumo de caminhões-pipa é constante e não é raro encontrar casas com mais de uma caixa d’água para suprir a deficiência do serviço.
Na gestão Moretti, o departamento está sob o comando do coronel Sandro Azambuja. Foi a partir de um enfrentamento com ele que o vereador Caio Cordeiro ameaçou abrir uma CPI contra o DAE. Segundo ele, a autarquia se tornou ainda mais burocrática nas mãos do militar.
HISTÓRICO RUIM
Pra lá dos problemas estruturais e de gestão, a população mato-grossense foi tomada de surpresa quando, no ano passado, a Polícia Civil deflagrou uma operação contra o DAE-VG devido a um esquema de corrupção nas entranhas do órgão.
As investigações revelaram que um núcleo do departamento deixava as pessoas sem água de forma proposital para obrigá-las a contratar serviços desnecessários. A operação, batizada como “Gota D’água”, foi deflagrada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) e pode ter sido essencial para o resultado das urnas, na qual o então prefeito Kalil Baracat (MDB) não conseguiu se reeleger.
