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Política Segunda-feira, 10 de Maio de 2021, 23:01 - A | A

Segunda-feira, 10 de Maio de 2021, 23h:01 - A | A

EM BUSCA DE ALIADOS

Emanuel confirma interesse em disputar o governo do Estado em 2022

Jefferson Oliveira

Repórter | Estadão Mato Grosso

Tarley Carvalho

Editor-adjunto

Em meio a um discurso descontraído, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) deu o tom que faltava para o ambiente político pegar fogo. Sem explicitar o cargo, ele confirmou a possibilidade de disputar as eleições do ano que vem. A mensagem é do tipo não-verbalizada, mas explícita para quem acompanha o preparo do terreno nos últimos meses. O anúncio de Emanuel é um recado claro à possibilidade de enfrentar nos debates e na urna seu principal inimigo, o governador Mauro Mendes (DEM). A confirmação foi feita nesta noite de segunda-feira, 10 de maio, durante inauguração do viaduto Murilo Domingos, situado na Avenida Beira Rio, na capital.

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"Vamos trabalhar junto e misturados, independentes, não sei o futuro, a Deus pertence. Eu ouvi falar aqui em 1 ano e meio ou 4 anos, o mais certo é 4 anos, mas se vocês todos apoiarem, vira 1 ano e meio. Se vocês não apoiarem é 4 anos, mas, independente disso, nós temos muito que trabalhar pelas duas mais importantes cidades do nosso estado, a capital e a nossa querida cidade industrial", discursou ao seu correligionário, o prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat.

Caso se concretize a candidatura, as eleições do ano que vem devem ser - no mínimo - eletrizantes. Emanuel Pinheiro e Mauro Mendes não são apenas adversários políticos, são inimigos declarados, com constantes disputas de poder e troca de recados. Atualmente, os dois brigam por qual modal deverá ser implantado em Cuiabá e Várzea Grande, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ou o Ônibus de Transporte Rápido (BRT). Eles também trocam acusações sobre a gestão da pandemia de covid-19, sobre o poderio de quem pode abrir ou fechar o comércio.

Pouco a pouco, Emanuel tem o ambiente sobre se candidatar ao Palácio Paiaguás. Para isso, comenta vez ou outra o desejo de ser governador, mas não sem antes ressaltar que seu compromisso é com Cuiabá. A história recente exige o cuidado. Ele não pretende repetir o erro de Wilson Santos (PSDB), reeleito prefeito da capital em 2008 com a promessa de que concluiria seu segundo mandato, mas que acabou renunciando ao cargo para disputar o governo em 2010. Naquele ano, os cuiabanos se empenharam em derrotar Wilson Santos nas urnas, em meio a um tipo de lição.

Por isso todo o cuidado de Emanuel em se mostrar desejoso, mas sem comprometer sua aliança com os eleitores. Embora pareçam situações semelhantes, há um abismo entre as realidades vividas em 2010 e as que estão sendo postas hoje, 11 anos depois. Emanuel acaba de sair de uma campanha eleitoral maior do que entrou. No ano passado, após apoiar a candidatura de seu filho "Emanuelzinho" (PTB) à Prefeitura de Várzea Grande, Pinheiro enfrentou a disputa à reeleição praticamente sozinho. Seus correligionários não gostaram de vê-lo apoiando um candidato de outro partido, quando o MDB tinha candidatura própria na cidade.

A briga com sua então amiga e aliada política, Janaína Riva, também impactou no arco de alianças de Emanuel nas eleições do ano passado. Após se defender das acusações do pai da deputada, o ex-parlamentar José Riva, Emanuel acabou comprando pra si uma briga com sua aliada. Em resposta, Janaína articulou o apoio de lideranças políticas a outros candidatos a prefeito de Cuiabá.

Deixado pela própria base, Emanuel enfrentou uma campanha desgastante e obteve uma vitória apertada contra seu adversário Abílio (Podemos). A vitória do emedebista não era a mais aguardada no cenário, o que forçou o MDB a se render a Emanuel. Não é estratégico abrir mão de uma capital por causa de rusgas.

Desde então, o MDB tenta costurar uma bandeira da paz, a qual já foi rasgada em vários pedaços e pouco pode se fazer por ela, para acalmar suas principais lideranças. Essas, inclusive, continuam a fazer avaliações sobre o atual cenário e sobre a possibilidade de Emanuel ser ou não candidato, todas em negativa. O que resta saber é se Emanuel, que aglutinou vantagens extra-partidárias, vai se render a esses desejos de seu partido ou se vai usar a vantagem obtida em 2020 e se arriscar em um novo pleito.

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