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Política Quarta-feira, 12 de Julho de 2023, 16:38 - A | A

Quarta-feira, 12 de Julho de 2023, 16h:38 - A | A

VERGONHA PARA MT

Bancada de MT escancarou amadorismo, como se estivesse em um boteco, avalia analista

Deputados não apresentaram emendas e não discutiram o projeto, se limitando a fazer vídeos para as redes

Rafael Machado

Repórter | Estadão Mato Grosso

Tarley Carvalho

Editor-adjunto

Tramitando na Câmara Federal desde 2019, nenhum dos deputados federais de Mato Grosso apresentou emendas ao texto da reforma tributária que foi aprovada na semana retrasada. O texto, de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), foi apresentado no início do governo Jair Bolsonaro (PL), mas saiu da gaveta para discussão e votação no mês passado, mesmo sob críticas de pouco tempo para discutir a matéria.

Os parlamentares mato-grossenses, principalmente desta legislatura, aproveitaram o calor do assunto para colocar brasa no fogo através das redes sociais, reclamando da redação do texto, politizando o assunto e até espalhando mentiras, como uma suposta taxação para pequenas empresas que estão inscritas no Simples.

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Embora afirmem "pouco tempo" para discutir, o assunto é levantado há décadas, por várias gestões diferentes, devido à complexidade do regime tributário brasileiro. A reforma é tida como necessária por especialistas das mais diferentes correntes ideológicas.

Mesmo com essa importância e sabendo que o texto seria aprovado, a bancada mato-grossense foi completamente omissa às necessidades do estado e do povo que representa e preferiu se apequenar diante do tema, se limitando a gravar vídeos para as redes sociais, criticando o texto e criando factoides. Os "parlamentares das redes", principalmente os de oposição, sequer podem ser apelidados de blogueiros porque esses trabalham com afinco para levar assuntos do interesse de seus seguidores, cumprindo aquilo que se propuseram a fazer.

A prerrogativa parlamentar acabou ficando a cargo do governador Mauro Mendes (União), que peregrinou em Brasília para conseguir modificações importantes no texto, como a mudança da alíquota da cesta básica, a redução de alíquotas para o agronegócio e a possibilidade de manutenção do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab).

Apesar de ter contado com o apoio de deputados federais de sua base, o governador foi o protagonista na articulação dialogando com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o relator do processo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e com ministros do governo Lula (PT).

Para o analista político, João Edisom, a postura dos parlamentares passa a sensação de incompetência absoluta para o exercício do mandato.

“Da democracia, você ser oposição, ser situação ou ser independente, isso faz parte do processo democrático. O que não faz parte do processo democrático é a pessoa não legislar. Dizer que é contra, fazer videozinhos, sapatear, isso não precisa, qualquer cidadão pode fazer. As redes sociais são livres para colocar”, destacou em entrevista ao Estadão Mato Grosso.

“Eles têm uma prerrogativa e a autoridade de estar em Brasília, recebem por isso, têm um gabinete caríssimo. Deveriam ter discutido pontos muito importantes, porque desde o início todo mundo sabe que a reforma ia passar. Não é segredo para ninguém que ela iria passar”, complementou.

Ele ainda ressaltou que a discussão do tema é antiga e que os atuais deputados da base pareciam estar alheios ao todo o processo, votando mais na questão partidária.

“É muito triste e lamentável a atitude da bancada federal mato-grossense como um todo, porque ficou parecendo apenas meros espectadores de boteco, onde ficam batendo boca, fazendo videozinho, colocando no TikTok, colocando na rede social, no Instagram, no Facebook, mas de prática para o Brasil foi extremamente negativo. E fica uma imagem muito ruim para o Estado de Mato Grosso e uma imagem muito ruim para a população mato-grossense, que elegeram pessoas que não demonstram nenhuma competência, além do ódio, da raiva, da obsessão, por estar a favor ou contra pessoas”, ressaltou.

A reforma tributária foi aprovada na última semana. Dos oitos deputados federais de Mato Grosso, seis votaram contra: Abílio Júnior (PL), Amália Barros (PL), Coronel Assis (União), Coronel Fernanda (PL), José Medeiros (PL) e Flávia Rodrigues (MDB). Apenas Fábio Garcia (União) e Emanuel Pinheiro Neto, o Emanuelzinho (MDB), votaram favoráveis à matéria.

Ao todo, foram apresentadas 221 emendas ao projeto desde 2019.

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