A ‘megarefinaria’ de cocaína fechada pela Polícia Federal durante a Operação Guaporé, deflagrada nesta terça-feira, 1º de março, tinha capacidade para refinar até duas toneladas de drogas por semana. O local era equipado com um sofisticado sistema de internet via satélite e tinha até dormitório para os trabalhadores.
Vídeo divulgado pela assessoria da Polícia Federal mostra que, apesar da enorme capacidade de refino, o local tinha uma estrutura simples. As cabanas ficam escondidas em meio à mata do parque Noel Kempff, a 1,8 km da fronteira com o Brasil. Nas imagens, é possível ver barracos de madeira montados em meio à mata, completamente cobertos pela copa das árvores, em uma tentativa de disfarçar a presença da atividade criminosa.
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Segundo a PF, essa é uma das maiores estruturas empregadas para o refino de cocaína já desarticuladas na região. Como fica em uma região de difícil acesso, foi realizado um meticuloso trabalho, através da cooperação entre as forças policiais do Brasil e da Bolívia.
No local foi encontrado pelos policiais bolivianos farto material para o refino, incluindo insumos da mesma natureza daqueles que foram apreendidos em julho de 2021 pela Polícia Civil em Comodoro/MT, além de equipamentos como destilador e um potente gerador, enterrado no subsolo da local e grande quantidade de cocaína que será pesada em Santa Cruz de La Sierra.
Próximo ao local havia duas pistas de pouso, sendo uma aparentando ter sido inaugurada recentemente. A refinaria possuía dois acessos, um pelo Rio Guaporé e outro pelo Córrego do Espeto (veja o mapa abaixo).
A principal hipótese investigada pela PF é a de que a pasta base de cocaína chegava ao laboratório de avião, em grandes quantidades, e ali era refinada até se transformar em cloridrato de cocaína (cocaína em pó). A droga então era embalada e transportada para o outro lado do Rio Guaporé, de onde era distribuída pelo Brasil.
A DESCOBERTA DO LOCAL
Há cerca de dois anos, o Núcleo de Inteligência do Gefron e a Delegacia de Polícia Federal de Cáceres vinham recebendo informações de que, na região do Rio Guaporé, município de Comodoro/MT, fronteira entre o Brasil e a Bolívia, haveria uma refinaria de cocaína.
Naquela região foram realizadas diversas apreensões de drogas e em julho de 2021 foi apreendida uma grande quantidade de insumos para a fabricação de pasta base e cloridrato de cocaína, fato que chamou a atenção das forças de segurança em relação à região.
Aportaram várias denúncias anônimas, informando que o local ficaria na Bolívia, a menos de 2 quilômetros da fronteira com o Brasil, e que ali estariam pousando pequenos aviões toda semana.
Após diversas incursões percorrendo as margens do Rio Guaporé, foi descoberta uma pequena estrada que levava até uma barranca do rio – levantando a suspeita de que aquela poderia ser uma rota para a refinaria.
A Polícia Federal então acionou, por intermédio da Coordenação-Geral de Polícia de Repressão a Drogas, Armas, Crimes contra o Patrimônio e Facções Criminosas (CGPRE), o Adido Policial brasileiro trabalhando em La Paz" e este, em contato com a polícia boliviana, arregimentou policiais da Felnc - Força Especial de luta contra o Narcotráfico para diligenciarem no local.
Ao mesmo tempo, foram designadas equipes conjuntas da Polícia Federal e do Gefron para se posicionarem na fronteira, às margens do Rio Guaporé, para acompanharem, no lado brasileiro, os resultados da diligência realizada pela Polícia boliviana. Policiais brasileiros e bolivianos passaram a manter contato entre as equipes. O Ciopaer teve participação decisiva no transporte das forças policiais brasileiras, por se tratar de um local de difícil acesso.