Antes de morrer em decorrência das complicações causadas pelo novo coronavírus, o major da PM Thiago Martins de Souza teria reclamado do descaso no atendimento que recebeu no Hospital São Judas Tadeu. Prints de uma conversa atribuída a ele vazaram nesta segunda-feira, 5 de abril. Ele faleceu na madrugada deste domingo, 4 de abril, em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Benedito, para onde foi transferido após piora em seu quadro.
“Muita gente e poucos profissionais. A mulher veio fazer o trem cedo e me esqueceu com o aparelho. Dormi com o trem na cara e soltou parte. Quase afoguei. Soltei sozinho e até agora nada do socorro", diz o print atribuído ao major.
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As capturas de tela vazaram após uma enfermeira, ex-funcionária do São Judas Tadeu, procurar uma delegacia de polícia para registrar boletim de ocorrência contra a unidade por práticas que estariam colocando a vida dos pacientes em risco.
Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, a profissional – identificada apenas como Amanda – afirmou que muitos colegas não sabiam o procedimento correto de intubação dos pacientes. Segundo ela, por vezes viu pessoas sangrando pelo nariz e orelha. Segundo ela, o major foi um desses pacientes que só teria recebido atendimento adequado após sua patente circular pelos corredores da unidade.
Thiago foi internado na unidade para tratamento da covid-19 no dia 12 de março. Ele permaneceu no hospital particular e precisou ser transferido pra UTI do São Benedito, mas não resistiu.
O OUTRO LADO
O Hospital São Judas Tadeu rechaçou as acusações feitas. A unidade afirmou que a enfermeira trabalhou no local por apenas 50 dias e que foi demitida por não cumprir exigências do hospital e que agora faz a denúncia para se vingar e retaliar pela demissão.
“As acusações espúrias foram proferidas por uma funcionária que trabalhou 50 dias na Instituição, e foi demitida na semana passada justamente por práticas dissonantes com as exigidas pelo Hospital e, por isso, utiliza-se dessa pauta com cunho de promover retaliação e vingança”, diz trecho da nota publicada.
A instituição também afirma que as denúncias feitas pela profissional não são embasadas em nenhuma prova e que, por isso, já está empenhada em adotar medidas cíveis e criminais contra a enfermeira.