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Polícia Sábado, 21 de Outubro de 2023, 10:19 - A | A

Sábado, 21 de Outubro de 2023, 10h:19 - A | A

CASOS DE FAMÍLIA

Policial Militar é preso após atirar contra a própria sobrinha por herança

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

N.F.D.A, de 54 anos, policial militar da reserva remunerada, foi preso nesta sexta-feira, 20 de outubro, após atirar contra a própria sobrinha, na casa da avó, em Rondonópolis. A discussão se deu por motivos de divisão de bens entre os parentes. Ninguém ficou ferido durante o disparo, que acertou um poste.

Segundo o boletim de ocorrência, a vítima, que não teve a identidade revelada, contou que estava na casa de sua avó, juntamente com os dois filhos e o marido, quando o suspeito começou a ameaçar matar todos se não fossem embora.

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Durante o imbróglio, a vítima, temendo pela vida de todos, foi até a frente da casa onde estava seu carro e, quando estava dando ré, observou o suspeito em posse de uma arma e, então, um tiro foi disparado em sua direção. A mulher conseguiu fugir e pedir ajuda a policiais que passavam pela região.

No local, os policiais ouviram o suspeito que contou estar insatisfeito, pois, segundo ele, a mulher o chamou de ladrão, momento em que ficou muito nervoso e começou a ameaçar de morte a vítima, o esposo e os filhos dela.

O policial foi encaminhado à 1ª Delegacia de Polícia sem o uso de algemas e sem lesões.

Carta à justiça
Temendo pela vida, a vítima procurou a redação do Estadão Mato Grosso e enviou uma carta, pedindo que o suspeito não seja solto, pois não se sente segura devido às constantes ameaças por parte dele. Confira aqui:

Carta aberta à justiça
Eu trabalho há 6 anos na segurança pública. Sempre ouvi pessoas que diziam que o sistema não funciona. O sistema funciona, sou prova disso, mas precisa de nós.
Venho de uma família amorosa, onde por anos vivemos sob a ameaça de alguém que usa o nome da Polícia Militar para violentar psicologicamente mulheres, empunhando arma e dizendo estar pronto a resolver tudo "na bala".
As ameaças deixaram de ser veladas depois da morte do meu avô. Retirando a arma da cintura, ele diversas vezes afirmava que ninguém roubaria sua mãe, que era esse o objetivo do resto da família, em horas de alienação parental à minha avó, recentemente diagnosticada em um quadro de demência. E após meses repetindo isso, foi ele quem levou minha avó no banco e transferiu para sua conta pessoal 242 mil que meu avô havia deixado em conta no nome dela. Antes fosse esse seu único objetivo: queria a curatela da minha avó e queria especialmente ter acesso a todos os outros valores relacionados à herança.
Fiquei 2 meses sem ver minha avó. E ao visitá-la com as coisinhas que ela havia me pedido ao telefone (fritadeira elétrica e vestidos sem manga), vi novamente ameaças a mim e minhas tias. Minha avó pediu que ele parasse com aquilo, implorou, meu filho via aquele homem gritar ensandecido comigo e só conseguia chorar, meu marido ainda tentava chamá-lo à luz da razão.
E o que ouvimos após sermos expulsos da casa da minha avó, e das claras ameaças de morte, foi o que ele repetiu por anos a todos: "então você vai ver".
Mal pude dar um beijo em minha avó que, por sua doença, não entendia nada. Corremos em direção ao carro e de dentro o vimos mirar em nossa direção e escutamos o primeiro estampido. O vimos caminhar ainda em direção ao carro movimentando a pistola em mãos e não vimos mais nada depois... Só aceleramos desenfreadamente, foi desesperador e eu só conseguia olhar cada centímetro dos meus filhos para me assegurar de que estavam bem.
Há poucas quadras dali encontramos uma guarnição da PM e muito preocupada em deixar minha avó sob os cuidados daquele homem, clamei por socorro, contando o que havia se passado. Fomos imediatamente atendidos. A polícia ainda busca a arma, mas encontraram a cápsula e encontramos acolhimento, respeito, trabalho rápido e efetivo para que rapidamente ele fosse preso. Esse que deveria ser tio, colo, cuidado, mas não passa de um potencial feminicida, há anos investindo contra mulheres que sempre cuidaram de seus pais com tanto amor e carinho.
Agradeço a todos da PM, através da pessoa do Ten.Cel. Ozório e ao Capitão Tavares, pelo trabalho de condução do caso e apoio a nós e meus filhos. Agradeço à Delegacia da Mulher de Rondonópolis, ao Delegado Fernando e todas as servidoras que desde o início foram força para que não tivéssemos medo em agir. E, por fim, agradeço a toda a equipe da PJC, na pessoa do Escrivão Diego e do Delegado Daniel. Hoje uma mulher não morreu, filhos não ficaram sem mãe, e o criminoso está na cadeia.
No entanto, através desta carta, fica meu apelo para que o sistema continue funcionando, para que a justiça continue na árdua tarefa de manter presos aqueles que querem destruir famílias inteiras por motivos vazios como dinheiro. Não faz muito a polícia prendeu, a justiça falhou, o criminoso violentou, matou e ainda abandonou o corpo em um parque, com a frieza de colocar na vítima um óculos de sol.
E a todas as mulheres que eu amo e a tantas que não conheço, mas passam pelo que nossa família passou: não se calem, mulheres, o sistema precisa de todas nós.

Veja o vídeo: 

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