O empresário Geandré Latorraca disse em depoimento à polícia que a tentativa de homicídio contra ele teria motivada por uma matéria sobre um esquema de venda de sentenças envolvendo um mega corretor de fazendas da Região Norte de Mato Grosso, que foi publicada no Jornal Estadão Mato Grosso, do qual é proprietário. Os criminosos abordaram Geandré dentro de seu restaurante, Fonte do Paladar, onde foi agredido e ameaçado de morte nessa quarta-feira, 16 de outubro.
A matéria publicada em 22 de agosto pelo Estadão, falava de uma delação premiada de um mega corretor de fazendas de Lucas do Rio Verde, advogados e membros do Poder Judiciário. A notícia apontava que um magistrado estaria entregando segredos obscuros à Polícia Federal, sobre o esquema de vendas de sentenças em disputas de terras milionárias, que estavam em tramitação na Justiça.
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Para Geandré, a tentativa de homicídio tem ligação com a denúncia de vendas de sentenças, apesar de os bandidos terem dito que se tratava de um suposto envolvimento com mulher casada. Segundo ele, a gravação do vídeo foi apenas um pretexto para concretizar a ameaça.
O CASO
Em depoimento, Geandré explicou que os suspeitos entraram em contato com ele alegado que queriam comprar marmitas de seu restaurante. Segundo o empresário, o suposto cliente já havia ligado para a empresa de sua esposa, pedindo o seu telefone, uma semana antes. O contato continuou por uma semana, até que, nesta quarta, os falsos clientes foram ao restaurante, por volta de 10h, dizendo que queriam negociar a entrega de marmitas.
O empresário afirmou que só percebeu que não se tratava de uma negociação quando se sentou para conversar com o falso cliente. Nesse momento, três dos suspeitos se levantaram e o cercaram.
“Preciso falar com o senhor. A gente não veio aqui por causa de marmita, coisa nenhuma. Em vim para te matar, mas vou te dar uma chance. Eu quero que o senhor grave um vídeo falando que não vai mais mexer com mulher casada”, teria dito o bandido, segundo Geandré, em entrevista à imprensa na frente do CISC Verdão.
Geandré recusou inicialmente o pedido dos bandidos, que começaram a agredi-lo com tapas e socos. A gritaria do momento chamou atenção dos funcionários do restaurante, que estavam na cozinha e resolveram se mobilizar para ajudar. Porém, os bandidos sacaram armas e passaram a ameaçar tanto Geandré quanto seus colaboradores. Diante do risco iminente, o empresário aceitou gravar o vídeo da forma como os bandidos pediam.
Após gravarem o vídeo, os suspeitos entraram em um carro e fugiram. Geandré também deixou o restaurante e perseguiu os suspeitos enquanto entrava em contato com a Polícia Militar, para denunciar a tentativa de homicídio e passar as características do veículo.
Com essas informações, os policiais conseguiram localizar os suspeitos na Rodoviária de Cuiabá, ainda com o carro usado na fuga. Com eles, foram encontradas duas pistolas e munições. Todos os quatro bandidos eram de cidades do Nortão de Mato Grosso e, entre eles, se destacavam o policial militar Ednilton Rafael Santos Costa e o detetive particular Diemerson Carlos Guido Zick. Ambos atuam em Sinop.
NOTA DE REPÚDIO
O Sindicado dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) emitiu uma nota de repúdio, clamando para que a persecução dos criminosos seja exemplar. Confira a nota na íntegra, clicando aqui.
"Só uma atuação policial repressiva por todos os meios legais será capaz de inibir os "barões do crime" a conterem suas ações e a pagarem pelas infrações cometidas para que, de fato, em Mato Grosso, "bandido não se crie", como costuma alardear o Governo e aqui não se deseja uma "licença para matar", mas, para atuar dentro dos ditames. Que a persecução neste caso, pelos interesses envolvidos, seja exemplar", diz trecho da nota.
