Os familiares dos quatro maranhenses mortos por membros de uma facção criminosa em Cuiabá passam fome na terra natal. A situação foi revelada pelo delegado Caio Fernando, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (24), na Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Caio declarou que viu a situação dos familiares quando policiais civis de Mato Grosso foram até lá e passaram três dias no Maranhão para conversar com os familiares dos homens mortos.
Clemilton Barros Paixão, 20 anos; Geraldo Rodrigues da Silva, 20; Paulo Weverton Abreu da Costa, 23; e Tiago Araújo, 32, foram levados da casa onde moravam, no bairro Renascer, por bandidos que estavam em três carros. Eles tinham vindo para Cuiabá junto com suas famílias em busca de uma vida nova.
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“Infelizmente nós vimos mães chorarem, irmãs chorarem, por inclusive não terem condição de emprego. As famílias se queixam muito de que poderiam estar em uma condição melhor”, disse o delegado.
A execução dos maranhenses ocorreu há quase dois anos, no bairro Jardim Renascer, em Cuiabá, por ordem do 'tribunal do crime', devido à suspeita de que um deles era integrante de uma facção rival. Até hoje seus corpos não foram encontrados. As investigações apontam que eles foram esquartejados e tiveram seus corpos ocultados.
“Pessoas que até hoje, mesmo assim, esperam poder ter ao menos o direito de poder velar os restos mortais desses familiares e também poder ter o direito de voltar para cá, para Mato Grosso, ou para outro lugar, para poder trabalhar como qualquer pessoa tem o direito” apontou o delegado.
Em conversa com a imprensa, Caio mencionou que as famílias dos maranhenses mortos tinham renda e trabalho fixo em Cuiabá. Porém, elas foram 'enxotadas' da capital após seus parentes serem julgados pelo 'tribunal do crime'.
“Fui com uma equipe lá no Maranhão. [As famílias] foram tocadas de volta de Mato Grosso, de Cuiabá, da noite pro dia. Aqui essas famílias tinham salário, tinham moradia, tinham comida... Lá eles não têm nem ao menos a comida. Nós somos humanos e lá sentimos a sensação da fome daquelas pessoas”, disse Caio.
O delegado lembrou que quando essas famílias maranhenses se mudaram para Cuiabá, se assemelhavam a uma "colônia", dado o grande número de pessoas.
Os familiares, segundo o depoimento, se queixam de que além de assassinarem e ocultarem os cadáveres dos seus entes queridos, os criminosos ainda os expulsaram do estado. O delegado relembrou que alguns membros da família tiveram que fugir rapidamente daqui, logo após a execução. Outros ficaram no estado durante cerca de 15 dias, mas foram coagidos pelos criminosos e forçados a deixar o estado.