Em ligação para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na noite de 12 de julho, o empresário M.M.C., 46, omitiu a informação que a garota Isabele Guimarães Ramos, 14, levou um tiro na cabeça, mas a filha mais velha do empresário acabou confessando o crime ao médico do Samu que estava no telefone.
De acordo com as imagens de câmeras de segurança da residência do empresário, a adolescente que atirou em Isabele, se despediu do namorado às 21h59min, e dois minutos depois, às 22h01min a porta da residência volta a abrir, com a esposa de M.M.C., desesperada com o acontecido dentro do imóvel para chamar Patrícia Hellen Guimarães Ramos, mãe de Isabele.
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Um minuto depois de ser baleada, o empresário dono da residência ligou para o Samu às 22h02min e informa apenas que houve um acidente doméstico em sua casa e que Isabele teria caído no banheiro, batido a cabeça estava perdendo muito sangue.
Às 22h03min, a filha mais velha do empresário também entra em contato com Samu pelo telefone 192, e informa que a garota foi baleada, “Oi, eu estou com uma emergência. Teve um tiro acidental”, revela a filha de M.M.C.
O desencontro nas informações, levou o médico que falava com o empresário a ficar em dúvida e questionar o empresário se realmente foi uma queda ou um tiro que aconteceu no local. “É tiro ou queda senhor?”, questiona o médico.
O empresário novamente volta a dizer que foi queda, e o médico o interrompe e informa que estava entrando outra ocorrência no mesmo local, dizendo que foi tiro.
“Não, não tem nada de tiro não”, responde o empresário. Após isso, o médico do Samu informa que a viatura já está a caminho e que ele também vai acionar a polícia, e isso causa espanto no empresário.
Patrícia Hellen durante a reportagem exibida na noite de domingo (02) no programa Fantástico da Rede Globo, questiona como o empresário é atirador profissional que participa de competições e não consegue identificar o barulho de um tiro ou saber se alguém foi baleado.
“Como ele conseguiu ter essa percepção de que minha família havia caído e não levado um tiro? Como uma pessoa com tal gabarito não consegue ouvir e distinguir o que é um tiro ou não?”, indaga a mãe de Isabele.
Dez minutos após ter sido acionado, o Samu chegou no condomínio Alphaville, porém, demora para entrar pois a portaria não tinha sido informada sobre nenhum acidente. Quando os médicos chegaram no imóvel, a adolescente já estava sem vida.
O enfermeiro do Samu foi um dos depoentes na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), no dia 30 de julho, e relatou que ao chegar na casa do empresário percebeu várias pessoas aglomeradas do lado de fora e no interior do imóvel, o enfermeiro identificou materiais de manutenção de arma de fogo em cima de uma mesa, mas não visualizou nenhuma arma na residência.
Após o médico do Samu confirmar a morte de Isabele, o enfermeiro disse que flagrou uma mulher, que ele acredita ser esposa do empresário, retirando os materiais de manutenção da mesa, e o depoente ainda pediu que a mulher não mexesse no local, pois se tratava de cena de crime, e o empresário em tom alto e nervoso disse que a mulher poderia sim retirar o que estava na mesa.
Até o momento, a Deddica e Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) já ouviram 21 pessoas e as investigações continuam para elucidar o caso. As principais peças do crime, o empresário e sua filha de 14 anos, até o momento, não foram ouvidos pelas duas delegacias que assumiram as investigações três dias após o crime.
Ainda essa semana deverão ocorrer mais oitivas nas delegacias e uma reconstituição da cena do crime não é descartada pela polícia.