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Polícia Terça-feira, 31 de Outubro de 2023, 14:25 - A | A

Terça-feira, 31 de Outubro de 2023, 14h:25 - A | A

DETALHES DA TRAGÉDIA

Em reunião com superior, policial disse que tinha vontade de matar colega

Igor Guilherme

Repórter | Estadão Mato Grosso

O 3º sargento da Polícia Militar, Gabriel Castella Cardoso, e o 2º sargento da Polícia Militar, William Ferreira do Nascimento, teriam se reunido para tentar encerrar um conflito que amargava a relação de superior e subordinado praticamente um ano antes do trágico episódio. Gabriel e William morreram há pouco menos de duas semanas em um trágico episódio onde o 3º sargento assassinou seu superior e depois tirou sua vida.

A reunião entre os dois sargentos, mediada pelo então tenente-coronel Cristyano Cássio Gonçalves de Vasconelos, comandante da 18ª Companhia da Polícia Militar do município de São José do Rio Claro, exonerado do seu cargo após a tragédia, foi descrita em uma ata, do ano de 2022 e que o jornal Estadão Mato Grosso obteve acesso.

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Relação conflituosa

No documento de duas páginas é descrito que os dois sargentos foram convocados pelo tenente-coronel para encerrar o conflito entre eles, pois William havia denunciado ao comandante que Gabriel estava espalhando uma conversa de que “ele (William) queria mandar no quartel”.

Em resposta, Gabriel negou a acusação e ainda disse que evitava falar com o segundo-sargento. Com a palavra, William teria levantado uma situação onde ele e Gabriel se desentenderam devido à cautela de um fuzil. Tamanha foi a confusão que Gabriel teria ameaçado William, dizendo que iria matá-lo caso fosse destratado novamente pelo segundo-sargento.

“Gabriel adicionou que, de fato, criou uma mágoa em relação a William, e que, no dia da desavença do fuzil, teve vontade de matar William e, inclusive, teve vontade de se matar. Adicionou que ficou cinquenta dias digerindo a situação, necessitando de atendimento psiquiátrico e medicação, vez que ficou muito nervoso”, consta no documento.

Ainda durante a reunião, o terceiro sargento se arrependeu da ameaça e disse que estava em surto quando falou tudo aquilo. O tenente-coronel teria endossado o estado de saúde do militar e Gabriel, apesar de ter se arrependido das ameaças, Gabriel reclamou da forma que William trata os seus subordinados.

O segundo-sargento, por sua vez, diz que trata bem seus subordinados, mas que é policial das antigas e age da forma que foi ensinado.

A reunião foi encerrada e 10 dias depois, o trágico final de semana se desenrolava, com Gabriel tirando a própria vida dentro da cela.

Posicionamento do Comando-Geral

Em nota, encaminhada a reportagem pelo comandante-geral da Polícia Militar, Alexandre Correa Mendes, é dito que o Alto Comando da Polícia Militar não recebeu a ata da reunião e que o documento foi encaminhado diretamente à Corregedoria-Geral da Polícia Militar.

Leia:

Informamos conhecimento de Ata veiculada pela imprensa, cujo conteúdo infere ciência prévia de conflitos envolvendo militares mortos neste mês em São José do Rio Claro.

Tal documento, até o presente não reportado ao Alto Comando da PMMT, fora imediatamente encaminhado para a Corregedoria-Geral a fim de subsidiar abertura de novo procedimento.

Colocamo-nos, enquanto Comandante-Geral, à inteira disposição dos familiares e imprensa para todo esclarecimento suscitado, pois não coadunamos em nenhuma hipótese com qualquer tipo de ilegalidade.

Alexandre Mendes - Cel PM
Comandante-Geral da PMMT

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