As eleições municipais passaram e, em breve, os eleitos assumem seus cargos. Agora, um dos maiores desafios é garantir a implementação de políticas públicas prometidas em campanha. No que se refere a inovação, tenho acompanhado há anos as mudanças que estão acontecendo nas cidades e o papel crescente das tecnologias na construção de espaços urbanos mais inteligentes e inclusivos.
Por isso, é necessário refletirmos sobre o papel dos eleitos na promoção da transformação urbana. Eles têm a responsabilidade de pensar em como as cidades podem se modernizar e também em como essas transformações podem beneficiar a todos os cidadãos, buscando alternativas viáveis para que a cidade enfrente questões complexas como sustentabilidade, inclusão social, infraestrutura adequada e outros aspectos que fazem parte do desenvolvimento urbano.
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Recentemente, tive a oportunidade de palestrar no AMPPESP Fomenta 2024, evento realizado pela Associação de Municípios de Pequeno Porte do Estado de São Paulo, em um painel sobre "Cidades Inteligentes e Inclusivas", uma oportunidade para compartilhar, com as autoridades, ideias e exemplos de como a inovação pode transformar as cidades.
Não pude deixar de mencionar a experiência de Barcelona, onde, junto com a Frente Nacional dos Prefeitos, discutimos como a cidade tem utilizado a tecnologia para melhorar sua infraestrutura e qualidade de vida. O 22@, distrito tecnológico de Barcelona, era uma área degradada que passou por um processo de requalificação ao longo de 10 anos, transformando antigos galpões industriais em espaços modernos e sustentáveis. Esse é um exemplo claro de como a colaboração entre o poder público e a iniciativa privada pode funcionar.
As cidades inteligentes, ou seja, aquelas que utilizam a tecnologia para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, com soluções eficientes, precisam muito mais do que apenas a tecnologia para dar certo, não podemos nos limitar apenas à tecnologia. Ela é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa, mas precisa ser acompanhada de políticas públicas adequadas, incluindo legislações específicas, o envolvimento da terceira idade, a capacitação de populações socialmente desfavorecidas e a inclusão de mulheres no planejamento urbano.
Na prática, uma outra ação de transformação urbana que pode vir por parte dos prefeitos é a implantação de BRT’s. Um exemplo notável disso é Bogotá, na Colômbia, que se tornou referência com a criação do TransMilenio, um modelo de BRT que foi desenvolvido para proporcionar um transporte público rápido, acessível e eficiente, com corredores exclusivos para ônibus, evitando os congestionamentos e proporcionando uma alternativa viável ao transporte individual.
Além disso, a cidade investiu em ciclovias e ampliou espaços para pedestres, promovendo a integração entre diferentes formas de transporte. O impacto positivo desse modelo foi significativo: a redução do trânsito e da poluição, além da criação de ambientes urbanos mais seguros e acessíveis para a população.
Vale ressaltar que uma gestão mais inteligente baseada em dados confiáveis e atualizados, pode garantir maior eficiência econômica. O uso de análises de dados na gestão pública permite identificar prioridades, alocar recursos com mais eficiência e reduzir desperdícios. Assim, é possível direcionar orçamento também para outras áreas de interesse da comunidade.
Por fim, prefeitos e vereadores devem ser agentes de mudança, criando políticas públicas que integrem a inovação no planejamento urbano, mas, como disse, isso vai além do simples uso das tecnologias no cotidiano das cidades. A transformação urbana deve ser inclusiva e sustentável, todos os cidadãos devem estar integrados.
*Thomas Law é doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, com pós-doutorado na USP e sócio-proprietário do escritório de advocacia que leva seu nome. Fundador do hub de inovação Ibrawork, é reconhecido por sua contribuição na interseção entre o campo jurídico e a inovação, integrando o poder público, a iniciativa privada e as universidades, especialmente na área de smart cities.