Nos últimos anos tem se tornado comum o debate sobre liberdade feminina em diferentes pontos, sejam eles emocionais, que trabalham a autoconfiança, além da necessidade de se discutir equidade de direitos.
Ainda que tenhamos muito que evoluir nessas discussões e saibamos que cada mulher, além de rede de apoio, precise de uma acompanhamento psicológico em casos de violência, outro ponto relevante a se tratar é que o mercado de trabalho é desigual para boa parte das mulheres que buscam sair de situações com vulnerabilidade.
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Mesmo que tenham consciência de que vivem em um ambiente insalubre, a insegurança bate a porta e a maioria das mulheres desistem de buscar seus direitos, cercadas de violência física, psicológica ou moral, chegam a desistir de reivindicar coisas que acreditam merecer por falta de acompanhamento, inclusive jurídico, adequado. Além das relações abusivas, essas violências também podem estar dentro das instituições e isso às adoece e constrange.
Até quando tem acesso a terapia, que ainda é a menor parte dos casos, essas mulheres se encontram presas a uma realidade: a falta de independência e autonomia financeira e, sem isso, não há como exercer nenhum nível de liberdade.
Quando são mães, além de todas as atividades profissionais, precisam cuidar dos lares e das famílias, que inclui os cuidados com as pessoas que vivem com ela. A sobrecarga é um fator importante a se considerar em uma sociedade patriarcal, porque, inevitavelmente, o desempenho profissional e acadêmico dessas mulheres também tende a ficar comprometido.
A invisibilidade é inevitável e, até que esta pessoa se reintegre a uma vida que tenha seus direitos restaurados e sua paz emocional restituída, isso leva tempo e ainda mais desgaste. É aí que elas desistem. Mesmo que enfrentem inúmeros desafios, sem autonomia financeira, fica difícil seguir.
Não é pouco comum que mulheres desistam de si mesmas e acabem aceitando realidades cruéis de convívio, porque além da falta de políticas publicas para um melhor acolhimento, falta oportunidade de trabalho, assistência jurídica, rede de apoio e acompanhamento psicológico. Isso tudo somado a uma cultura que tem muito que evoluir quando o assunto é autonomia feminina.
Isso ultrapassa faixa etária, escolaridade, status social, religião e muitas outras questões no Brasil. É uma realidade que ainda precisa de muito amadurecimento, não apenas do mercado de trabalho, auxílios governamentais, mas sensibilidade ao tema de diferentes frentes de especialistas.
É preciso integrar áreas de conhecimento e tornar essa realidade diferente também na prática, criando pontes, fazendo debates, gerando meios. À liberdade financeira feminina é uma das maiores barreiras que temos que superar para livrar mulheres de diferentes níveis de violência. Toda luta que não atravessar a luta de classe, incluindo essa autonomia, pode perder sua força se não avançarmos para enfrentar este desafio.
*ANITA FARIA é psicóloga e psicanalista, além de mentora e palestrante em Mato Grosso.
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