Os ataques cibernéticos a empresas de utilities e infraestruturas críticas têm se multiplicado nos últimos anos, evidenciando a vulnerabilidade de setores fundamentais para a sociedade. Em novembro de 2024, uma empresa de saneamento de São Paulo foi alvo de um incidente que repercutiu na mídia e alertou sobre a fragilidade desse segmento. Um ano antes, em novembro de 2023, uma autoridade municipal de água na Pensilvânia, EUA, também enfrentou um ataque significativo. Esses casos são apenas exemplos de um problema muito mais amplo que abrange fornecedores de serviços de gás, energia e outras áreas essenciais.
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Qualquer interrupção nos serviços oferecidos por essas empresas tem um potencial disruptivo capaz de gerar caos nas comunidades afetadas. Diante disso, a segurança cibernética dessas infraestruturas deve ser tratada com máxima prioridade. Especialistas têm explorado detalhadamente as defesas necessárias após incidentes recentes, destacando a importância da arquitetura de segurança cibernética em camadas — uma estratégia eficaz na mitigação de riscos.
Essa abordagem envolve múltiplas barreiras que protegem os sistemas de possíveis invasores, dificultando o acesso e minimizando impactos caso ocorra uma brecha. A implementação de soluções de monitoramento constante, autenticação multifator e segmentação de rede são alguns dos elementos cruciais para criar um ambiente seguro. Tais medidas são particularmente relevantes em setores de utilities, onde as consequências de um ataque podem ser desastrosas.
Análises de ataques em infraestruturas críticas têm ressaltado um ponto comum a diversos eventos: a subestimação do potencial destrutivo de ciberataques em empresas que, tradicionalmente, focavam mais na segurança física do que digital. Essa tendência de negligência pode ser catastrófica em um cenário onde hackers estão mais sofisticados e bem financiados.
Desde o Fórum Econômico Mundial em 2023, ficou claro que a cibersegurança em infraestruturas críticas ganhou nova relevância. O relatório final do evento destacou pela primeira vez os ataques a esses segmentos como um dos riscos mais críticos para a estabilidade global, superando as menções genéricas a ataques cibernéticos de anos anteriores. Isso reflete o crescimento da complexidade e do impacto potencial desses incidentes, que vão além da interrupção de serviços, afetando a segurança pública e a economia local.
A defesa contra ciberataques começa com a conscientização e a adoção de políticas de segurança robustas. Empresas de utilities precisam investir em treinamentos para suas equipes e contar com especialistas que possam identificar vulnerabilidades e aplicar correções rapidamente. A atualização de softwares e o uso de inteligência artificial para monitorar atividades suspeitas são outras práticas recomendadas.
Mais do que nunca, é essencial que empresas do setor colaborem entre si e com governos para criar um sistema de resposta rápida a incidentes. Esse tipo de colaboração tem sido destacado como um fator que pode determinar a diferença entre uma contenção eficaz e uma crise generalizada.
Os casos recentes de ataques são lembretes de que nenhuma empresa está imune aos riscos cibernéticos. O que está em jogo não é apenas a continuidade dos serviços, mas o bem-estar de comunidades inteiras. A segurança digital deve ser vista como prioridade estratégica e integrada ao planejamento de qualquer empresa que opere em setores críticos. É um investimento decisivo para prevenir colapsos e proteger a sociedade.
*Sérgio Muniz é especialista em cibersegurança e Diretor de Negócios de Gestão de Identidade e Acesso na América Latina da Thales Group. Com ampla experiência no setor, Sergio participa de análises e discussões sobre ataques a infraestruturas críticas e colabora em eventos internacionais sobre segurança digital.