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Opinião Quinta-feira, 09 de Maio de 2024, 08:19 - A | A

Quinta-feira, 09 de Maio de 2024, 08h:19 - A | A

EVELYN RIBEIRO

O Dia das Mães de uma mãe solo

Evelyn Ribeiro*

Este é o primeiro artigo que escrevo sobre algo que vivenciei depois que me tornei mãe, há 4 anos. A coragem bateu após uma breve conversa com uma amiga também mãe solo, e que havia feito uma postagem no fim de semana sobre acordar um pouco mais cedo que a filha para poder tomar um café e ter alguns momentos consigo mesma. Isso é algo que vai ficando raro com a rotina do dia a dia e com a missão de ser responsável por um ser que muda totalmente a rota da nossa vida. Enquanto celebramos o Dia das Mães, é crucial iluminar essa experiência, honrar suas protagonistas e reconhecer os desafios únicos que enfrentam.

O dia delas passa a ser literalmente todos os dias. Depois que os filhos nascem a gente “só vai”, como diz a gíria. Há momentos bons, há momentos ruins e difíceis que exigem uma força e ao mesmo tempo trazem aprendizados que jamais vamos esquecer. Receber um abraço ou ouvir “eu te amo, mamãe”, às vezes soa como cura.

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), mostrou que até o final de 2022 havia mais de 11 milhões de mães solo no Brasil. O estudo também apontou o aumento de 1,7 milhão de mães que criam seus filhos de forma independente no período de 2012 a 2022, passando de 9,6 milhões para 11,3 milhões.

Algumas dessas mães contam com rede de apoio ainda que pequena, outras contam apenas com si mesmas e não podem nem pensar em adoecer. Perdi as contas das vezes em que saí do trabalho mais tarde ou fui a algum evento à noite e recebi a pergunta: “Seu filho ficou com quem?

Filhos são bênçãos, transformam nossas vidas e nos apresentam o amor incondicional, mas confesso: nenhuma mulher sonha ou planeja seguir nessa jornada de forma solo, e se alguma afirmar isso, te garanto: não é verdade!

É na maternidade que a gente para e pensa nossa trajetória, nossos sonhos, planos que poderíamos ou não ter realizado. Não fomos preparadas para lidar com o que dá errado. A vida não tem manual e a maternidade solo também não.

São tantas lutas que não caberiam aqui, mas há uma preocupação enorme com a educação, desenvolvimento, saúde, sustento, qualidade de vida, tempo de qualidade, guarda unilateral ou compartilhada, desgaste para a regulamentação da pensão para a criança e acordo das visitas no fim de semana - essa parte daria um outro artigo, mas vamos pular os detalhes).

A sensação de culpa e autocobrança para fazer dar certo a criação dos nossos filhos é grande. Não pretendo fazer juízo de valor ou comparações, mas todos sabemos que na nossa sociedade para o homem a parte de “seguir em frente” e ser pai, exige menos esforço e funciona com mais liberdade.

A vida social da mulher muda, ela passa a ser conhecida como a mãe de fulano e parece que nem é mais mulher, só mãe. Os novos relacionamentos são incertos e seguimos na luta pela sobrevivência, aliada a busca para recomeçar e ser feliz em todas as áreas. A solidão pode ser avassaladora, especialmente quando cercada por uma cultura que muitas vezes não reconhece ou valoriza seu papel. Nossas atuais e futuras escolhas pessoais e profissionais são feitas com base na nossa disponibilidade pós filho.

Nenhuma mãe vive como no comercial de margarina. Tenho um enorme respeito pelas mães que continuam casadas e conseguiram manter a família unida, assim como admiro as que souberam recomeçar após o processo de separação.

Neste Dia das Mães, deixo essa reflexão para todas elas e um abraço de acolhimento para todas as mães solos do nosso país, que às vezes só precisam ser vistas, respeitadas e acolhidas para redescobrirem sua força, sua essência.

Vocês são mulheres incríveis, não se esqueçam disso!

Feliz Dia das Mães!

EVELYN RIBEIRO é jornalista e pós-graduada em Comunicação Pública

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