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Opinião Domingo, 02 de Julho de 2023, 15:21 - A | A

Domingo, 02 de Julho de 2023, 15h:21 - A | A

ANGELO SILVA

Desconstruindo Mitos: O Legado e a Realidade da Educação Pública no Brasil

Angelo Silva de Oliveira*

A História do Brasil sempre foi pautada por inverdades, plantadas como sementes que germinam no terreno fértil da ignorância. A máxima de que "tomar leite após comer manga leva à morte" é um exemplo clássico de falso conhecimento disseminado em nossa sociedade – ato que teve origem no período de escravidão, quando falsas verdades eram propagadas para conservar domínio e perpetuar a exclusão social.

Durante a escravidão, os senhores detentores de terras, precursores do atual agronegócio, beneficiaram-se ao propagar mitos como esse entre seus escravos, como uma forma de manter o controle sobre eles. Atualmente, muitos descendentes desses escravizados encontram-se presos em outra teia de mentiras, a de que as escolas e universidades públicas brasileiras oferecem educação de baixa qualidade, criam um ambiente para a doutrinação "comunista", propõem a ideologia de gênero e encorajam o uso de drogas.

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Entretanto, nesta rota, cruzamos com instituições como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade de São Paulo (USP), e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ícones do campo educacional brasileiro. Cabe aqui um olhar mais atento para a trajetória dessas instituições públicas de renome.

O ITA, situado na cidade de São José dos Campos, formou renomados engenheiros que contribuíram imensamente para o progresso tecnológico do nosso país. O ITA também já foi agraciado com o Prêmio Melhores Universidades, na categoria Engenharia.

A USP, referência em educação superior na América Latina, é conhecida por sua produção científica notável e por ter formado alunos ilustres como a cientista Lygia da Veiga Pereira, referência no estudo de células-tronco no Brasil. A UFMT, por sua vez, destaca-se pela qualidade no Ensino Superior e Pós-Graduação, além de ter um importante papel na inclusão social através da educação.

É indiscutível que, historicamente, as melhores escolas públicas nacionais eram reservadas à elite, que eram os únicos que tinham direito ao estudo. Com o fim da escravidão, iniciou-se um novo ciclo onde crianças e jovens antes privados de educação passaram a disputar vagas nessas instituições. É um legado que persiste até os dias atuais, com a luta pela democratização do acesso à educação de qualidade.

Claro, nossas instituições de ensino, particularmente no ensino fundamental e médio, não são perfeitas. No entanto, os muitos casos bem-sucedidos de alunos provenientes destas instituições são uma luz no fim do túnel e devem nos inspirar a manter o ensino público e gratuito como um pilar para a ascensão econômica e social.

Por fim, o que trago aqui não é uma crítica ao ensino privado, mas um apelo para desmascarar a mentira que desincentiva as pessoas a buscarem educação de qualidade e gratuita disponível nas instituições públicas. Evitando assim, a dívida eterna como parte do seu "pacote educacional", um pesadelo que remonta à escravidão contemporânea.

Assim, em uma analogia atual, a doutrina do leite e manga durante o período da escravidão se reproduz na propagação da crença falsa acerca das escolas públicas e na moderna escravidão do sistema financeiro.

Aos descendentes dos escravizados no Brasil, portanto, o recado é claro: é nosso dever ocupar os espaços nas instituições de ensino públicas e exigir a qualidade que antes era oferecida somente para os filhos dos senhores de terras.

*ANGELO SILVA DE OLIVEIRA é controlador interno da Prefeitura de Rondonópolis/MT (Licenciado), presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT), mestre em Administração Pública (UFMS), especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT) e em Organização Socioeconômica (UFMT), graduado em Administração (UFMT) e auditor interno NBR ISO 9001:2015 (GITE).

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