Sem vigor nos últimos dez anos e sem qualquer orientação nos últimos três, a economia brasileira não consegue proporcionar empregos à enorme força de trabalho disponível. O balanço trimestral de desempregados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (29), confirma isso, com a falta de trabalho ainda atingindo 11,949 milhões de brasileiros. A taxa de desemprego permanece estagnada em 11,1%.
Já o contingente da população que tem alguma ocupação caiu 0,5% nos últimos três meses, fixando-se em 95,3 milhões de pessoas. Isso significa que 472 mil pessoas deixaram o mercado de trabalho, levando o índice de ocupação à primeira queda em quatro trimestres. Agora, 55,2% da população tem alguma ocupação, contra 55,6% do trimestre anterior.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
Por outro lado, é possível comemorar o aumento de 1,5% no rendimento médio dos trabalhadores, que foi estimado em R$ 2.548 no primeiro trimestre deste ano. Esse aumento é particularmente importante quando observamos que o rendimento médio estava em queda livre desde o segundo trimestre do ano passado. Também ajuda a fazer frente à avassaladora inflação de dois dígitos, que aniquilou o poder de compra das famílias brasileiras.
Historicamente, o mercado de trabalho não costuma apresentar bons resultados no começo do ano, devido à onda de demissões após o término do período natalino, quando as contratações temporárias ‘bombam’. Entretanto, os responsáveis pela pesquisa do IBGE reforçaram que o 1º trimestre deste ano, visto que a queda no número de ocupados foi bem menor que a média dos anos anteriores.
Otimistas poderiam ver nesses apontamentos um sinal de melhoria, mas há poucas razões para acreditar nisso. A inflação brasileira segue descontrolada e crescendo acima do que esperam os economistas, alcançando a marca de 11,3% nos 12 meses terminados em março, e as projeções para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano são ínfimas. Análise mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) até elevou essa projeção, mas saiu de um crescimento de 0,3% para 0,8%. Outros atores do mercado financeiro também projetam um crescimento inferior a 1% para o Brasil neste ano.
Frente a tantas perspectivas negativas, os juros devem continuar em alta ao longo do ano, o que joga contra todas as tentativas de fazer a economia ‘pegar no tranco’. Esse cenário indica que o desemprego deve permanecer em patamares elevados em 2022. Como a ampla maioria dos brasileiros, persistimos em busca de uma ‘luz no fim do túnel’.