Na era digital, os influenciadores têm um impacto enorme em nossas vidas, moldando comportamentos, estilos e até mesmo nossas emoções. No entanto, é essencial refletir sobre o tipo de conteúdo que escolhemos seguir e como eles nos afetam. Precisamos buscar perfis que nos representem de maneira positiva e nos motivem a sentir coisas boas, em vez de nos fazer sentir insuficientes.
A Ilusão da vida perfeita
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Muitos influenciadores de lifestyle mostram uma vida aparentemente perfeita: são magros, belíssimos, ricos, e consomem apenas itens luxuosos. Eles vivem viajando e exibindo um estilo de vida inalcançável para a maioria dos brasileiros. Embora esses conteúdos possam ser visualmente agradáveis, frequentemente induzem um sentimento de inadequação em seus seguidores. A comparação constante com uma realidade tão distante pode nos fazer acreditar que nossa vida não é boa o suficiente, gerando sentimentos de falta e mal-estar.
Por exemplo, seguir influenciadores que constantemente mostram viagens internacionais, roupas de grife e uma rotina impecável pode levar muitos a se sentirem frustrados com suas próprias vidas. É importante lembrar que, muitas vezes, o que é exibido nas redes sociais não reflete a realidade completa dessas pessoas. A vida real deles pode ser bem diferente do recorte que vemos online.
Representatividade e realidade
Seguir influenciadores que compartilham uma realidade próxima à nossa pode ser muito mais benéfico. Eles nos ajudam a valorizar o que temos e nos motivam de maneira mais realista. Pessoas que refletem nossa realidade social, física e financeira podem nos inspirar a crescer e melhorar sem a pressão de alcançar um ideal inatingível.
Por exemplo: uma pessoa com sobrepeso que segue influenciadoras fitness pode, em vez de se sentir motivada, desenvolver ansiedade e um sentimento de não pertencimento. É crucial encontrar conteúdos que promovam a saúde e o bem-estar de maneira inclusiva e acessível.
É importante sinalizar que também é essencial que a gente siga e acompanhe conteúdos de pessoas diferentes de nós, para conhecer realidades distintas das nossas e estarmos atentos ao que acontece no mundo. Não podemos viver em uma bolha e apenas interagir com os nossos semelhantes, mas para consumirmos conteúdos constantes sobre alguém e determinado assunto, precisamos ser cautelosos e zelosos.
A escolha das marcas
Além de nós, indivíduos, as marcas também precisam ser cautelosas na escolha dos influenciadores que contratam para representar os seus produtos. É fundamental que eles reflitam verdadeiramente os valores e o público-alvo da marca. Não adianta contratar alguém hiper conhecido, com um estilo de vida de classe alta, para vender produtos destinados à classe média. Isso pode resultar em uma desconexão com o público-alvo e até mesmo em uma percepção negativa da marca.
Por exemplo: uma marca de moda que vende produtos para o público de classe média pode não se beneficiar ao contratar um influenciador que só consome itens de luxo. Da mesma forma, contratar uma modelo plus size apenas para ser "disruptiva" e inclusiva, sem realmente atender às necessidades desse público, pode causar frustração entre os consumidores.
Reflexão e Escolha Consciente
Ao escolher influenciadores para seguir, é importante refletir sobre como eles nos fazem sentir e o impacto que têm em nossa vida cotidiana. Devemos procurar aqueles que nos inspiram e representam nossas realidades e valores. Consumir conteúdos que compartilham desafios semelhantes aos nossos e que celebram conquistas alcançáveis pode ser extremamente motivador e benéfico para nossa saúde mental e bem-estar.
Para as marcas, a seleção de influenciadores deve ser estratégica e autêntica, garantindo que eles realmente representem o público-alvo e os valores da empresa. Isso não só fortalece a conexão com os consumidores, mas também promove uma imagem de marca mais genuína e confiável.
Os influenciadores digitais têm um poder significativo em nossas vidas, mas cabe a nós escolhermos com sabedoria quem seguimos ou não. Devemos priorizar aqueles que nos façam sentir bem, que representem realidades próximas à nossa e que nos motivem de forma positiva. Ao mesmo tempo, as marcas precisam selecionar influenciadores que realmente reflitam o seu público e seus valores, evitando desconexões e promovendo uma relação mais autêntica e saudável com seus consumidores.
Raissa Anbo é especialista em marketing pela USP/Esalq, com MBA em Gestão de Negócios pela Universidade de Cuiabá. Consultora de Marketing. www.linkedin.com/in/raissaanbo/
